Macrossomia no Brasil : tendências temporais e epidemiologia espacial

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Macrossomia fetal significa feto grande ou com sobrepeso, mais recentemente chamado de recém-nascido grande para idade gestacional. Diversos fatores afetam a distribuição do peso corporal fetal tais como a idade gestacional, tamanho materno, hereditariedade, estado socioeconômico, origem étnica entre tantos outros. Conseqüentemente, observa-se uma morbidade aumentada nesta situação. A tendência temporal da macrossomia foi avaliada em estudos realizados em outros países e mostrou aumento gradativo de sua prevalência, além de uma distribuição geográfica heterogênea. Objetivos: Avaliar a tendência temporal da macrossomia fetal em todo território brasileiro considerando fatores determinantes reconhecidamente responsáveis por interferirem no peso dos recém-nascidos. Mapear e identificar conglomerados de macrossomia fetal no território brasileiro e fatores espacialmente correlacionados.Para investigação da tendência temporal foram realizados levantamentos descritivos sobre 14.509.859 declarações de nascidos vivos do Sistema Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) de 26 Unidades da Federação mais o Distrito Federal. As estatísticas descritivas foram apresentas sob a forma de tabelas para freqüências absolutas e relativas, médias aritméticas e descrições geométricas através de gráficos. Dados de 2.858.627 declarações de nascidos vivos do Sistema Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) do ano de 2004 foram usados para realizar a parte da pesquisa sobre análise geográfica. A estatística espacial foi a metodologia utilizada para testar a presença de conglomerados e identificar sua localização aproximada. A contextualização geográfica espacial foi feita com o modelo Conditional Auto Regressive (CAR) sobre o mapa do Brasil desagregado em microrregiões. A prevalência geral da macrossomia entre 2000 e 2004 foi de 5,4%, iniciando com 6,0 % no ano 2000 e terminando com 5,1 % em 2004. A tendênciatemporal do percentual de macrossomia diminuiu ao longo dos anos, entretanto, o percentual de cesariana mostrou crescimento gradativo entre os estratos de peso de recém-nascidos. As demais variáveis estudadas foram percentuais de pós-termo, mãe adolescente, grau de instrução inferior, situação conjugal, cor da pele e consulta de prénatal infreqüente que mostraram redução gradativa a cada ano entre os estratos de peso dos recém-nascidos. Análises espaciais de 558 microrregiões brasileiras com os dados do SINASC de 2004 mostraram que o índice global de Moran do percentual de macrossomia fetal foi de 0,40. Foram identificados conglomerados de microrregiões com altos percentuais de macrossomia relacionadas com vizinhos de altos percentuais nas regiões norte-nordeste do país, entretanto os conglomerados de baixos percentuais foram encontrados nas regiões sul-sudeste. O modelo final da regressão comprovou a presença de dependência espacial do percentual de macrossomia com as variáveis percentuais de cesariana e grau de instrução inferior mantidas no modelo. A estratégia de especificação clássica foi usada para seleção do modelo final, indicando o modelo de erro espacial para verificação da autocorrelação espacial nos termos de erros. Conclusão: A tendência temporal da macrossomia no Brasil está em declínio, acompanhando tendências favoráveis em vários indicadores de saúde materno-infantil. No entanto, houve aumento de 10% no percentual de cesariana e de 6% no percentual de microssomia no período estudado. Conglomerados geográficos de macrossomia com dependência espacial foram caracterizados nas microrregiões brasileiras com percentuais de cesarianas e grau de instrução inferior contribuindo de forma significativa para este relacionamento espacial.

ASSUNTO(S)

macrosomia macrossomia fetal epidemiologia trends birth weight spatial analysis clusters

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