Luta, territorialização e resistência camponesa no leste rondoniense (1970-2010)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/09/2011

RESUMO

O processo de formação territorial brasileiro pode ser contado, em larga proporção, pelo domínio exercido por uma reduzida elite que se manteve no poder. Este domínio teve suas raízes e sua base no controle latifundiário sobre as terras do país. No mesmo contexto foi formado o campesinato brasileiro, tendo como característica principal sua exclusão da terra. E por isso, esteve constantemente em luta para ter acesso à terra de trabalho. Viveu, portanto, em um movimento histórico de territorialização, desterritorialização e reterritorialização. Com isto, o camponês brasileiro foi empurrado para áreas de fronteira agrícola, onde a custa de sua luta de resistência teve acesso à terra. A partir da década de 1970 o estado rondoniense tornou-se espaço privilegiado de avanço da fronteira agrícola, o que levou a um processo migratório de milhares de camponeses desterritorializados em outras regiões do país. Esse processo resultou em uma violenta forma de ocupação das terras do estado, constituindo uma massa de trabalhadores sem-terra que ainda luta para consolidar seu modo de vida camponês. Nesse contexto, o objetivo geral deste trabalho foi compreender o processo de colonização agrícola, a luta pela terra e a territorialização camponesa nos Projetos de Assentamento Rural da Mesorregião Geográfica do Leste Rondoniense, no estado de Rondônia, entre 1970 e 2010. De forma específica, os objetivos propostos foram os seguintes: analisar a amplitude da questão camponesa no território brasileiro, tendo como foco seu processo de constituição desenraizada em uma busca constante pela terra, assim como, as conseqüências de tal processo para sua territorialização no estado rondoniense; entender o processo de formação do espaço agrário rondoniense a partir do contexto da fronteira e da colonização agrícola levada a cabo durante o período militar, entre 1970 e 1985; identificar e caracterizar as formas de luta pela terra no estado de Rondônia e na Mesorregião Geográfica do Leste Rondoniense, no período pós-1985, destacando o processo de formação e territorialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST); estudar e analisar o processo de territorialização camponesa nos assentamentos rurais implementados na Mesorregião Geográfica do Leste Rondoniense no pós-1985, tendo como base as áreas conquistadas pelo MST. Para atender a estes objetivos estabelecemos um procedimento metodológico que teve como princípio gerador a pesquisa participante. Realizamos entrevistas semi-estruturadas, entrevistas com informantes-chave e entrevistas de história oral. Para além das entrevistas realizamos o levantamento de grande quantidade de informações secundárias que também foram importantes para o desenvolvimento do trabalho. Como resultado, entendemos a constituição histórica do campesinato no território rondoniense e os reflexos de tal processo na organização agrária atual no estado. Desde meados da década de 1980 vem sendo constituídos territórios de resistência camponesa no estado de Rondônia. Estes territórios são resultado de um processo organizativo na luta pela terra que teve no MST seu direcionador e nos milhares de camponeses sem-terra a força de classe necessária para sua formação. Esperamos que o presente trabalho possa contribuir com a análise da luta pela terra e da territorialização camponesa no estado rondoniense, assim como, apoiar as famílias camponesas em sua luta constante para manter seu modo de vida.

ASSUNTO(S)

campesinato luta pela terra assentamento rural mst rondônia geografia geografia rural - rondônia reforma agrária - rondônia assentamentos rurais - rondônia peasantry struggle for land rural settlement landless rural workers movement rondonia state

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