Livro didático de Geografia: PNLD, materialidade e uso na sala de aula / Geography´s textbooks PNLD, material and use in the classroom

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O trabalho analisa o percurso estabelecido pelo livro didático de Geografia Trança Criança, volume de 4ª série, desde as diretrizes e avaliação do MEC, no contexto do Programa Nacional do Livro Didático, até o uso numa determinada sala de aula. Trança Criança foi a coleção de Geografia mais bem avaliada pelo MEC no PNLD 2004. O objeto selecionado permitiu examinar práticas e representações de atores da cadeia do livro didático: MEC e avaliadores; indústria editorial (autores, editores e técnicos de editoração); e, por fim, professora e alunos de uma sala de aula. O estudo aborda a materialidade do livro e a descrição enunciada de conteúdo (geográfico e pedagógico), e observa seu uso com princípios de orientação etnográfica. Verificou-se que o livro foi pouco usado e de modo diferente do enunciado pelos protocolos de leitura; a disciplina Geografia desenvolvida na sala de aula também se distanciou do conteúdo do livro. Tal fato revela que as práticas pedagógicas inserem-se numa dinâmica interna própria e se relacionam àquilo que se denomina cultura escolar (Chervel). Isso pode contribuir para elucidar a distância entre o que se pretende no discurso oficial e o que sucede no âmbito escolar; entre o que preconiza a ciência de referência e o que ocorre na prática geográfica escolar; entre o que traz o protocolo de leitura do livro e o uso que se faz dele. A pesquisa revelou também problemas na escolha do livro naquela realidade escolar, mas que podem se repetir no país em outros contextos e situações: os professores que estavam lecionando para a 4ª série na ocasião da pesquisa não haviam participado da escolha do livro no PNLD 2004. No PNLD 2007, eles atuaram efetivamente e fizeram a seleção, embora não se saiba se os que escolheram os livros são os mesmos que os usariam na sala de aula, porque pode haver mudança de professores nas escolas de ano para ano. O Guia de Livros Didáticos foi pouco manuseado pelos professores, que consideraram sua linguagem de difícil leitura e excessivo o número de páginas para cada disciplina. Os professores entrevistados relataram que preferem verificar os livros, folhear suas páginas para poder escolher, em vez de se basear apenas na consulta ao Guia. O estudo de caso apresentado revela que muito ainda está por construir na política de livros didáticos, que precisa ser dialógica com as escolas, em virtude da dinâmica interna, rotina, dificuldades e cultura própria dessas instituições.

ASSUNTO(S)

geography pnld materialidade livro didático pnld geografia textbooks uses of textbooks material usos do livro didático

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