Literatura e imaginação: realidade e possibilidades em um contexto de educação infantil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A escola pode ser um importante meio de difusão das atividades artísticas, entre elas a leitura ou contação de histórias, trabalhos com cânticos, poesias, lendas e folclores. Muitas dessas atividades, bem como o acesso aos livros, exercem um papel social importante, a medida que disseminam, de modo democrático, a informação, além de tornarem as pessoas nventivas e capazes de criação pessoal. Assim, tivemos como proposta neste trabalho investigar: de que modo, as professoras utilizam a literatura em um contexto pré-escolar? Esse modo se constitui como dispositivo para a objetivação da imaginação das crianças? Que espaços há para que possa vir a ser utilizada como tal? O olhar teórico que permeia o trabalho é o da matriz do materialismo histórico e dialético, pois tal matriz possibilita um contato vivo com mundo, com a pessoa do outro, na sua singularidade, mas sem dissociar o entendimento do significado das ações humanas de um contexto macro sócio-cultural. A pesquisa foi realizada com crianças, regularmente matriculadas na Pré-escola da Educação Infantil, seus respectivos pais e educadoras. As informações foram coletadas por meio da videografia, observação participante e entrevistas. As informações foram analisadas pela Análise Microgenética que é uma abordagem metodológica que busca a construção de dados através de atenção à detalhes e o recorte de episódios interativos. No que se refere ao modo como a literatura é utilizada, constatamos que esse vai ao encontro das necessidades das crianças, pois as educadoras são capazes de usar diversas modalidades narrativas, tornando as crianças conscientes da existência da infinidade de livros e introduzindo-as no mundo da leitura. A forma de contar a história ocorreu de modo diferente entre as educadoras, sendo que nas atividades desenvolvidas pela professora de sala de aula predominou o estilo de narrativa com o livro, que aqui denominamos de estilo-diálogo, por permitir maior interferência dos ouvintes; e com a bibliotecária o estilo utilizado foi a dramatização ou performance. Assim, pudemos observar que as crianças conseguem desenvolver e objetivar sua imaginação a partir do trabalho literário realizado na escola, pois na hora do conto, elas concentram-se para acompanhar a história, despertadas pela curiosidade e desejo de saber o que vai ser dito. Elas encantavam-se com os sons produzidos, as músicas cantadas e as palmas. Encontramos momentos ricos de objetivação da imaginação, pois as crianças representaram personagens, tornando-se animais e bruxos, criaram músicas, palavras mágicas e brincadeiras de forma espontânea. Nas atividades de desenho ou colagem inovavam, fazendo além do esperado ou pedido pela professora. Durante a própria contação notou-se a capacidade das crianças de realizarem a intertextualidade, agregando às histórias experiências próprias, relacionando com outros textos lidos e fazendo leituras da imagem do livro.

ASSUNTO(S)

psicologia imaginação contadores de história criatividade psicologia educação de crianças literatura infantil

Documentos Relacionados