Liquen plano oral e doença do enxerto contra o hospedeiro cronica da mucosa oral : analise histologica e imuno-histoquimica / Oral lichen planus and oral chronic graft-versus-host disease : histological and immunohistochemical analysis

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O líquen plano oral (LPO) e o acometimento oral da doença do enxerto contra o hospedeiro crônica (DECHc) apresentam características clínicas e histológicas semelhantes, apesar da etiologia distinta. A apoptose, induzida por linfócitos T citotóxicos, tem sido proposta como o tipo de morte dos ceratinocitos, em ambas as doenças. A citotoxidade celular é mediada, dentre outros mecanismos, por grânulos contendo granzima B e perforina. Poucos trabalhos foram desenvolvidos demonstrando o papel destas moléculas no líquen plano; dentre estes, alguns estudaram a interação das células que expressam estas moléculas com os demais componentes do infiltrado. Contudo, há raros estudos sobre este tema na DECHc. Considerando que as características em comum podem refletir similaridades nos mecanismos imunológicos, o objetivo do nosso estudo foi correlacionar os achados morfológicos e imuno-histoquímicos do LPO e da DECHc oral, na tentativa de compreender melhor a patogênese destas doenças. Foram analisadas 29 amostras de LPO e 27 de DECHc oral, coletadas no período de 1994 a 2007, de pacientes atendidos no Hospital das Clínicas e na Unidade de Transplante de Medula Óssea da UNICAMP. Novos cortes foram corados por H&E e pela técnica imuno-histoquímica para CD4, CD8, MAC 387, ICAM-1, granzima B e perforina. O número de células CD4-positivas foi estatisticamente maior no LPO do que na DECHc (p<0,0001), enquanto as médias totais (do epitélio + do tecido conjuntivo) de células positivas para granzima B e perforina foram maiores na DECHc que no LPO (p<0,05). Foi observado também que, quanto maior o número de células perforina+, maior era o número de células granzima B+, tanto no epitélio como no tecido conjuntivo, nos dois grupos de doenças (p<0,05). No LPO, o número de corpos apoptóticos isolados mostrou uma correlação positiva com a granzima B e negativa com a perforina do tecido conjuntivo (p<0,01). Inversamente, nas lesões orais da DECHc, o número de corpos apoptóticos agrupados apresentou uma correlação positiva com a perforina do tecido conjuntivo. Não houve diferença entre o LPO e a DECHc oral com relação ao número de corpos apoptóticos (isolados ou agrupados), nem quanto à extensão da degeneração hidrópica da camada basal, e nem mesmo com relação ao número de células imunomarcadas para CD8, ICAM-1 e MAC 387. Estes achados indicam que a apoptose, no LPO, parece correlacionar-se com a ação da granzima B, enquanto que, na DECHc oral, a perforina parece ser mais atuante. Embora o LPO e a DECHc oral apresentem similaridades clínicas e histológicas, parece haver diferenças na patogênese destas doenças. Os resultados encontrados podem ser úteis para aprimorar a compreensão dos mecanismos imunológicos, bem como podem embasar o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para o controle da apoptose e redução da morbidade associada a estas doenças.

ASSUNTO(S)

apoptose citotoxicidade medula ossea - transplante apoptosis cytotoxicity bone marrow transplantation

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