Limites e evolução geodinâmica do Sistema Jaguaribeano, Província Borborema, Nordeste do Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

A área envolvida nesta dissertação de mestrado encontra -se situada, geologicamente, no chamado Domínio Setentrional da Província Borborema (P B), Nordeste do Brasil, tendo como marcador meridional a Zona de Cisalhamento Patos. Envolve, preferencialmente, terrenos do Sistema Jaguaribeano, ladeados pelos terrenos (maciço) Rio Piranhas, com posicionamentos no leste e sudeste, e Tróia (Tauá) no nordeste. Compreende um espaço de crosta continental dominada por terrenos gnáissico - migmatíticos de idades paleoproterozóico -arqueanos (1.9 a 2,6 Ga), onde processos tectonotermais neoproterozóico-cambrianos são registrados em cada ponto, desde simples imprint térmico até como gerador de radicais modificações estrutural -mineralógicas e de leucossomas. Ao nível vestigial de antigas e amplas coberturas vulcanossedimentares, acontecem estreitas faixas supracrustais ( schist belts), cuja cronologia, com base em determinações Rb-Sr, U-Pb e Pb-Pb nos metavulcanitos ácidos, dominantes na seção inferior das seqüências, e nas metaplutônicas associadas (augen gnaisses), se situa entre 1,6 e 1,8 Ga. Estratigraficamente, essa faixas, paralelizadas num mesmo intervalo cronológico (Estateriano), podem ser sumariadas da seguinte forma: 1. Faixa Orós (FO) - constituída pelo Grupo Orós, subdividido nas formações Santarém (predominantemente quartzitos puros e impuros, micaxistos de granulometria fina a grossa e metacarbonat os) e Campo Alegre (metandesitos, metabasaltos, metariolitos, metariodacitos e intercalações de metatufos e metassedimentos), e pela Suíte Magmática Serra do Deserto ( augen gnaisses graníticos). 2. Faixa Jaguaribe (FJ) - ostenta caracterização litoestra tigráfico-litodêmica similar a de Orós, com maior expressividade superficial dos componentes vulcano plutônicos (Formação Campo Alegre e Suíte Magmática Serra do Deserto). Também relacionada a essa faixa e descrita separadamente, encontra -se a Seqüência Peixe Gordo, constituída por unidades metassedimentares, metavulcânicas (vulcanoclásticas subordinadas) e metaplutônicas, as primeiras correlacionáveis às formações do Grupo Orós e a última a Suíte Magmática Serra do Deserto. 3. Faixa Extremo Oeste Potigua r (FEOP) - representada dominantemente por rochas do Grupo Serra de São José, subdividido nas formações Catolezinho (domínio de biotita - anfibólio gnaisses, com intercalações de metacalcários, rochas calciossilicáticas, anfibolitos, e camadas quartzíticas n o sentido ao topo) e Minhuins (quartzitos diversos, micaxistos, metaconglomerados, rochas calciossilicáticas, metavulcânicas ácidas, intermediárias e básicas, e metatufos). Sua cronologia paleoproterozóica superior (Estateriano) foi estabelecida a partir d e uma determinação Pb-Pb em cristais de zircões de ortognaisses granítico da Formação Catolezinho. Por sua vez, os augen gnaisses que ocorrem pelo lado oriental dessa FEOP, com relações de intrusão em rochas da formação inferior, foi admitido, preliminarme nte, como cronocorrelatos a litotipos similares das outras faixas. As características petrográficas e de estruturas sedimentares da Formação Santarém (Grupo Orós), permitem inferir sistemas deposicionais deltáicos e parálico -marinho raso, sendo recoberto por sedimentos de água profunda (turbiditos). Em termos geodinâmicos, a região pode ser modelada como uma ampla bacia deposicional, com provável extensão para leste da Zona de Cisalhamento Portalegre e oeste da Zona de Cisalhamento Senador Pompeu, provave lmente com registros em parte das rochas inseridas na Formação (Grupo) Jucurutu e no Grupo (Complexo) Ceará. Ainda, pelo lado oeste, a Faixa Arneiróz exibe alguns indicadores estratigráficos e de litoquímica de granitóides que a faz similar a de Orós. Esse ambiente inicia-se com uma fase extensional mais ativa pelo lado oriental (Faixa Jaguaribe, pró-parte, e Extremo Oeste Potiguar) onde a sedimentação é dominada por psamitos, ruditos, marcando fácies de ambiente fluvial de um sistema rifte que evoluiu para um sistema deltáico progradante a oeste (Grupo Orós). Associados a essa fase extensional, ocorreram episódios de vulcanismo basáltico -andesítico a riolítico. Durante esse desenvolvimento vulcanossedimentar, num cenário intracontinental ocorreu a geração de magmas ácidos que foram cristalizados sob condições hipoabissais e plutônicas. Pelo lado oeste, a sedimentação teve aquelas características ambientais descritas para o Grupo Orós. Subseqüentemente, transcorrido um longo intervalo de tempo (1,6 - 1,1 Ga, com registros mais próximos no Dominio Tectônico Central da PB), a região foi solicitada por uma fase extensional, possivelmente associada ao desenvolvimento da ambiência vulcanossedimentar do Grupo Cachoeirinha (sul da Zona de Cisalhamento Patos), marcada na região de Orós por corpos básicos de idades em torno de 900 Ma (Sm -Nd). No intervalo de 800-500 Ma, a região atravessou por importantes fases de deformação, metamorfismo e de incorporação de magmas graníticos (cristalizados em espaços de dimensões variadas, de diques a batolíticas) e básico -intermediários, relacionadas ao chamado Ciclo Geotectônico Brasiliano/Pan -Africano. Atualmente, alguns autores admitem como marcas sedimentares desses tempos, localizadas em tratos da área cartografada e próximos, as formações (Grupo) Seridó, Lavras da Mangabeira e Grupo Ceará (pró-parte). Nesses tempos foram gerados blocos estruturais diferenciados ao nível da taxa de fusão anatética, percentagem de supracrustais em alto grau e seus respectivos correspondentes migmatíticos e participação de corpos graníticos neoproterozóico - eopaleozóicos. Com esses indicadores, grande parte do Bloco/Terreno Jaguaretama é a que ostenta menor atuação relativa dos processos tectono -metamorfo-magmáticos do mencionado ciclo. A despeito das faixas mais distantes desse Bloco Jaguaretama (Extremo Oeste Potiguar e Arneiróz), onde tem-se associações minerais com cianita (média pressão), as faixas marginais ao mesmo, são marcadas por uma zoneografia sul -norte, onde passa-se do campo da estaurolita, para o da sillimanita. Internamente, o Grupo Orós tem sua zona da estaurolita desenhada no lado oriental. Para as deformações das supracrustais estaterianas, as fases mais importantes foram as segunda e terceira, diagnosticadas como desenvolvidas n um processo tectônico progressivo. No geral, condições de PT mais vigorosas são relacionadas ao intervalo tardi-Fase 2 cedo-Fase 3, cujos indicadores cronorradiométricos e de estruturação regional, o coloca no desenvolvimento do Ciclo Brasiliano/Pan -Africano. No cenário da geodinâmica estateriana do Brasil, essas seqüências vulcanossedimentares são cronocorrelacionadas às que constituem a seção inferior do Supergrupo Espinhaço (p.ex., grupos Rio dos Remédios e Paraguaçu, sistema rifte paleoproterozóico no Cráton São Francisco), às dos grupos Araí e Serra da Mesa (no norte de Goiás, implantados sobre o Maciço Central de Goiás) e Uatumã (no Cráton Amazônico). O plutonismo granítico ( augen gnaisses) também têm similares nessas regiões, como por exemplo os A-granitos intrusivos nos grupos Araí e Serra da Mesa, com idades em torno de 1,77 Ga. Para os limites do Sistema (Terrenos) Jaguaribeano(s), os dados gravimétricogeológicos favorecem o estabelecimento segundo as zonas de cisalhamentos (ZCs) Senador Pompeu, a oeste, e Portalegre-Farias Brito, a leste e sul. Contudo, os mesmos informes não são conclusivos quanto a existência dessas estruturas como registros de um processso de suturamento transformante (docagem de terrenos). Os principais caracteres dessas ZCs e dos conjuntos litológicos solicitados, apontam para um regime transcorrente-transpressivo intracontinental, inerente aos tempos do Neoproterozóico - Cambriano, marcando importantes charneiras de dispersão direcional de blocos (fase de extrusões laterais da tectônica brasiliana). Dentro desse Sistema, conforme os dados aeromagnéticos (mapa de campo total), o mais importante limite de terreno é estabelecido na Zona de Cisalhamento Jaguaribe. O elenco dos dados cronorradiométricos, em nível bastante prel iminar, sobre algumas associações tectonoestratigráficas (em parte representadas pelos grupos Ceará e Jucurutu), além da carência de uma zoneografia granítica e de outros desenhos petrotectônicos, dificultam a proposição de diagramas de aglutinação de terr enos na presente região

ASSUNTO(S)

sistema de dobramentos jaguaribeanos província borborema(ne) geological survey levantamento gravimétrico levantamento geológico geologia geology geodinâmica geofisica survey gravimetric

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