Libertos no Rio Grande de São Pedro: Porto Alegre e Viamão no final do século XVIII e início do XIX. / Freed in Rio Grande de São Pedro: Porto Alegre and Viamão in the late eighteenth and early nineteenth.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O objetivo desta pesquisa é estudar a vida dos libertos de Porto Alegre e Viamão, Rio Grande do Sul, destacando e tentando entender aspectos importantes de seu cotidiano, como relações familiares, sociais e econômicas. Para isso, me vali do estudo de trajetórias individuais e do estudo quantitativo daquele grupo na segunda metade do século XVIII e início do século XIX. Interessou-me descobrir quem foram essas pessoas, de onde vieram, quantos anos tinham, se eram casados ou solteiros, se tinham filhos, o que faziam para viver, se tinham bens, se possuíam escravos, onde moravam, com quem moravam, quais estratégias utilizavam para ascender socialmente e onde, ao morrerem, eram enterrados. Entre os principais resultados está a constituição de um perfil demográfico desses libertos, a partir do qual constatei que a maioria era constituída por mulheres, embora a maioria dos escravos fosse constituída por homens. Além disso, por ser o Rio Grande do Sul um território de ocupação recente, verifiquei que a maioria dos libertos tinha origem africana, ao contrário de outras partes mais antigas do Brasil, onde os crioulos eram maioria. Apesar dos africanos da região Centro-Ocidental africana ser a maioria entre os libertos, proporcionalmente, eram os provenientes da África Ocidental que conquistavam mais alforrias. Além disso, constatei também que a maioria dos libertos se encontrava em idade fértil e produtiva. No que diz respeito às relações sociais, constatei que a maioria dos forros era casada e que tinham forte tendência à endogamia étnica; que poucas mulheres tiveram filhos e que aquelas que tiveram deram a luz a apenas uma criança, na sua maioria. Além disso, verifiquei que a maioria dos forros preferiu padrinhos brancos para batizar seus filhos, como uma estratégia de ascensão social. Em relação à situação econômica, constatei que a maioria desa população, apesar de desprovida de bens, conseguia manter-se economicamente; porém, em tempos de crise e de vulnerabilidade, muitos mudavam-se para casas de brancos e de outros forros, constituindo relações de agregamento que, em alguns casos, acabavam indo além de uma relação puramente econômica e se constituía relação de solidariedade e cooperação. Além disso, concluí também que, apesar de suas precárias condições de moradia, esses indivíduos de cor pareciam ocupar todos os cantos da freguesia de Porto Alegre, ou seja, o local de moradia não parecia refletir tão claramente suas condições sociais. No entanto, na hora da morte, a diferenciação era clara, cabendo àqueles com melhores condições econômicas os espaços privilegiados de enterro. Ao longo do trabalho utilizei fontes paroquiais, inventários post-mortem, testamentos e cartas de alforria.

ASSUNTO(S)

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