Levantamento faunístico e avaliação da biodiversidade em agroecossistemas da Bacia do Rio Pardo.

AUTOR(ES)
FONTE

Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A história da agricultura tem sido caracterizada por uma redução da biodiversidade nas propriedades rurais. Essa perda de biodiversidade é particularmente dramática na agricultura tropical, dada a grande riqueza de espécies vegetais e animais existentes nos ecossistemas. Ela começa com a remoção e a erradicação da vegetação natural, prosseguindo com a implantação de agroecossistemas e com os impactos ambientais decorrentes (MALCOLM, 1997). A biodiversidade atual áreas agrícolas é constituída por populações de espécies vegetais e animais variando em função do uso e da ocupação das terras, assim como da estabilidade temporal e espacial dos sistemas de produção. Os habitats oferecidos para as espécies vegetais e animais passam a ser as diferentes unidades de uso e ocupação das terras, combinadas com remanescentes de vegetação natural e de recursos hídricos (SUÁREZ-SEOANE; OSBORNE; BAUDRY, 2002). A evolução da biodiversidade nas áreas agrícolas tropicais brasileiras tem uma dimensão histórica relativamente recente, de um a dois séculos. As interações espaciais e temporais entre a fauna e flora são muito intensas em condições tropicais. A questão da influência do entorno das propriedades e da sua inserção nas bacias hidrográficas também tem sido cada vez mais considerada nestes casos, dadas as interações existentes entre os processos produtivos e os recursos oferecidos à fauna selvagem nas áreas agrícolas (DEMANGEOT, 1986). Por exemplo, em sistemas produtivos onde ainda é empregado o fogo em pastagens, na colheita da cana-de-açúcar ou no manejo dos resíduos agrícolas, resulta em uma rápida e agressiva gestão da matéria orgânica, eliminando o substrato alimentar de espécies, alterando a física, a química e a biologia dos solos e reduzindo populações animais pela morte direta devido às elevadas temperaturas (ALTIERI, 2002). Na busca da conservação da biodiversidade e, em especial, da fauna selvagem, a prioridade tem sido dada à preservação de ecossistemas naturais ou mesmo sua reconstituição. Desta forma, pouca atenção tem sido conferida ao efetivo papel das áreas agrícolas ou associadas ao processo produtivo na manutenção da biodiversidade animal. A presença da fauna selvagem em áreas agrícolas é um fato ainda pouco estudado e quase não existem informações sobre a capacidade de adaptação das espécies aos agroecossistemas e quais as dimensões de nichos ecológicos podem ser preenchidas pelo espaço agrícola. Há mais de 20 anos a equipe da Embrapa Monitoramento por Satélite vem desenvolvendo e testando métodos para avaliação da biodiversidade em propriedades rurais, com ênfase no estudo de vertebrados selvagens. Estes estudos estão sendo 6 aplicados em diversos tipos de propriedades rurais e em vários ecossistemas. Os resultados obtidos indicam possibilidades de uso múltiplo das culturas como habitats pela fauna, podendo suprir necessidades de alimento, de abrigo ou ainda como local de reprodução e satisfazem as necessidades básicas das populações animais. Os agroecossistemas servem igualmente como corredores para inúmeros animais selvagens e até mesmo como local de pouso para várias espécies de aves migratórias, oferecendo a possibilidade de descanso e alimentação (MIRANDA, 2006). No Estado de São Paulo, foram detectadas centenas de espécies de vertebrados selvagens transitando ou estabelecidas em áreas agrícolas. Entre os animais identificados há espécies raras como o papagaio-do-mangue (Amazona amazonica), o gato-mourisco (Herpailurus yaguarondi), o mão-pelada (Procyon cancrivorus), o tamanduá-bandeira (Tamandua tetradactyla), o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira) e a sucuri (Eunectes murinus) e predadores como a onça parda (Puma concolor), o loboguará (Chrysocyon brachyurus), e o jacaré-coroa (Paleosuchus palpebrosus) (MIRANDA, J. R.; MIRANDA, E. E. de, 2004). O presente trabalho apresenta um preliminar esforço de detectar, identificar e avaliar globalmente a biodiversidade (riquezas específicas), nos principais usos agrícolas existentes na bacia do Rio Pardo. Essa região do Estado situa-se em um grande bolsão de agroecossistemas intensivos, capitalizados e contribui significativamente para o agronegócio brasileiro. As principais culturas perenes estão representadas pela citricultura e cafeicultura, seguidas pela silvicultura com eucalipto, pinus e seringueira. As pastagens também estão bem representadas e suportam um grande rebanho destinado ao corte. A cana-de-açúcar ocupa uma enorme porção da área estudada e está vinculada a produção açucareira e de biocombustíveis. As culturas anuais são representadas por soja, milho, feijão, arroz, algodão, entre outras.

ASSUNTO(S)

agroecologia fauna biodiversidade faunística bacia hidrográfica rio pardo

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