LEMBRANÇAS DEPOSITADAS: A CONSTRUÇÃO DE UMA MEMÓRIA ORGANIZACIONAL NO EXTINTO BANCO DA LAVOURA (BANLAVOURA) DE MINAS GERAIS
AUTOR(ES)
PERDIGÃO, DENIS ALVES, BARROS, AMON NARCISO DE, CARRIERI, ALEXANDRE DE PÁDUA, MIRANDA, SUÉLEN RODRIGUES
FONTE
RAM, Rev. Adm. Mackenzie
DATA DE PUBLICAÇÃO
2015-04
RESUMO
O presente artigo discute a construção da memória organizacional a partir da análise do vídeo Memória do tempo, produzido pelo extinto Banco da Lavoura de Minas Gerais (BanLavoura) em 1960, em comemoração aos 35 anos de sua fundação. Na ação que aqui denominamos de “um exercício de futurologia”, documentos e objetos também ficaram trancados em uma urna criada para tal fim até o ano 2000, quando foi reaberta. Foi analisado o discurso organizacional registrado no vídeo Memória do tempo, que ficou trancado na urna por 40 anos, como programado no planejamento da atividade. Realizamos também a coleta e análise de entrevistas com ex-empregados do BanLavoura. A pesquisa se valeu especialmente de referenciais sobre a construção da memória e da identidade organizacional, a fim de discutir a intencionalidade que permeia a construção de certo registro sobre a memória e história, que busca representar o passado da organização. Os resultados da análise demonstraram que a gestão organizacional tinha o interesse de preservar a história e memória da organização, mas não de qualquer história e memória. Não interessava recordar os insucessos, os fracassos, as fragilidades organizacionais, tampouco visou construir uma história com base nas memórias dos empregados, já que eles pouco aparecem no material que analisamos. Interessava fazer conhecer aquilo que colaboraria para a projeção de certa identidade organizacional e de uma memória de como o passado aconteceu. Assim, a memória se faz objeto de disputa e é construída ativamente de forma a contribuir para a forma como a organização é lembrada. Só assim, seria capaz de ajudar na construção de uma boa imagem perante os trabalhadores e a sociedade. Embora o banco estudado não exista mais e, por isso, não abrigue mais uma comunidade de “lavourenses”, o trabalho permite refletir sobre esforços análogos de preservação (e construção) da memória que possam ser realizados por outras organizações.
ASSUNTO(S)
memória organizacional construção da memória história artefato de memória banlavoura
Documentos Relacionados
- Memória incerta : lembranças, falsas lembranças e as ciências da memória
- Memória da cidade: lembranças paulistanas
- A interdição da doença: uma construção cultural da esquistossomose em área endêmica, Minas Gerais, Brasil
- A construção da educação permanente no processo de trabalho em saúde no estado de Minas Gerais, Brasil
- BANCO DE SEMENTES DO SOLO DE UMA FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL, EM VIÇOSA, MINAS GERAIS