Leitura nas interfaces gráficas de computador: compreendendo a gramática da interface

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

05/11/2009

RESUMO

A leitura das interfaces gráficas de computador, que utiliza rede interdisciplinar de estudos sobre texto, design, leitura e cognição para conhecer estratégias de construção de sentido e de textualização (COSTA VAL, 2000, 2004) nos ambientes digitais é o objeto desta pesquisa. Concebemos a interface como um texto, ponto de contato entre os autores (designers, programadores, etc.) e os leitores (usuários), e partimos da hipótese de que a compreensão das marcas relativamente estáveis desses textos e da gramática subjacente a esse gênero facilita o trânsito pela interface e auxilia na compreensão da dinâmica que rege esse sistema semiótico. Escolhemos como sujeitos da pesquisa quatro estudantes recém ingressos na universidade, com pouca vivência em informática e em práticas letradas mediadas pelos computadores. Realizamos testes de leitura a partir dos quais os estudantes deveriam desenvolver tarefas nos programas Power Point e Paint, baseadas em modelos impressos. Esses testes deram origem a protocolos verbais, os quais foram analisados à luz do Modelo Reestruturado de leitura (COSCARELLI, 1999) e da teoria da Mescla Conceptual (FAUCONNIER, TURNER, 2002). Com o modelo reestruturado, buscamos subsídios teóricos para lidar com os domínios de leitura acionados durante as atividades no computador. Articulando conceitos sobre usabilidade (TALIN, 1998; NIELSEN, 2005; TOGNAZZINI, 2003) e legibilidade (COSCARELLI, 1999; LIBERATO, FULGÊNCIO, 2004, 2007), elencamos certas características das interfaces (textualidade) que favorecem sua textualização, no reconhecimento de unidades (acesso aos ícones), no domínio sintático (seqüências de navegação) e no domínio semântico (complementações referenciais a partir de analogias, metáforas, generalizações, julgamentos, entre outros). A teoria da mesclagem permitiu-nos conhecer operações cognitivas de alto nível realizadas por processos referenciais de ativação de espaços mentais, mapeamentos, projeções, complementações e compressões de relações vitais (Categoria, Propriedade, Analogia, Identidade, Similaridade, Referência). Foi-nos possível desconstruir certas características típicas das interfaces e suas variações entre os programas, como as diferenças no tratamento de objetos distintos (texto, figura, caixa de texto, etc.) e perceber a ificuldade dos usuários para compreender essas diferenças, fazer Analogias entre esses objetos, entendê-los como Categorias de Propriedades complexas, mas distintas. A leitura na interface, concluímos, não depende apenas do reconhecimento dos ícones e outros elementos gráficos, mas da integração de diversos elementos formais que compõe sua complexa e coerente dinâmica organizacional. É preciso, para ler as interfaces e utilizar o computador, a construção de um conhecimento que envolve conceitos muitas vezes completamente diferentes de outras práticas letradas e de outros textos e suportes. A habilidade para elencar e integrar esses conceitos, recorrendo de forma criteriosa e coerente a estruturas conceptuais mais estáveis, tanto sobre interfaces quanto em relação a uma idéia mais ampla sobre informática, facilita as operações no computador. Nesse sentido, quanto mais conhecimentos o usuário dispõe e articula, quanto menos pré-conceitos do senso comum ele faz emergir na mescla, mais seguro ele vai estar para criar e testar hipóteses, fazendo as conexões necessárias para realizar suas tarefas.

ASSUNTO(S)

lingüística teses. leitura teses. ensino auxiliado por computador teses. cognição teses. sistemas de hipermidia teses. interfaces gráficas de usuário (sistema de computador) teses. gêneros textuais teses. lingüística textual teses. textualidade teses.

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