Leaf gas exchange in Green-Dwarf coconut submitted to cycles of water deficit / Trocas gasosas em coqueiro anão-verde submetido a ciclos de deficiência hídrica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Com o objetivo de avaliar as trocas gasosas em nível foliar, as relações hídricas, a capacidade de ajuste osmótico e a regulação estomática em plantas jovens de coqueiro Anão-verde submetidas à deficiência hídrica, realizou-se um experimento em casa de vegetação utilizando dois ecotipos de coqueiro anão-verde do Brasil: Anão-Verde de Una (UGD), Bahia e Anão-Verde de Jiqui (JGD), Rio Grande do Norte. Após 12 meses de cultivo em tanques de fibra contendo 0,145 m3 de uma mistura solo:areia (2:1), parte das plantas foi submetida a três ciclos de deficiência hídrica. Cada ciclo consistiu em suspender a irrigação até que a taxa fotossintética (A) atingisse valor próximo à zero, retomando as irrigações até que A recuperasse a, no mínimo, 85% em relação às plantas controle. Reduções de A, condutância estomática ao vapor de água (gs) e transpiração (E) a valores quase nulos foram observadas quando o potencial hídrico foliar medido antes do nascer do sol (YPD) decresceu a -1,2 MPa. Adicionalmente, gs e E decresceram antes que A. Os valores limite de gs e YPD abaixo dos quais fatores não-estomáticos passaram a limitar a assimilação de carbono foram, respectivamente, 0,035 mol m-2 s-1 e -1,0 MPa. Observou-se reduções em gs e incrementos na concentração de ácido abscísico ([ABA]) antes que fossem detectados decréscimos expressivos em YPD, indicando que gs é controlada por ABA sob condições de estresse moderado. Aumentos expressivos na eficiência intrínseca de uso da água (A/gs), sem decréscimos significativos em A, sob condições de estresse moderado, também foram observados. O coqueiro Anão-Verde mostrou ajustamento osmótico de 0.05 a 0.24 MPa, sem, no entanto, evitar os efeitos da deficiência hídrica severa no crescimento. Aumento significativo na concentração de prolina (2 a 3 vezes o valor medido nas plantas controle) foi observado nos dois ecotipos, o qual parece ter uma função relacionada mais à proteção das membranas e manutenção da integridade de macromoléculas do que ao ajuste osmótico. Nos três ciclos, após reidratação por quatro dias, YPD aumentou de -1,20 para -0,15 MPa, em média, sendo observadas apenas pequenas diferenças em Ci/Ca. Entretanto, A não recuperou totalmente para valores comparáveis aos das plantas controle. Nesse momento, as taxas de fotossíntese saturadas por CO2 (AmaxCO2) e pela radiação fotossinteticamente ativa (PPFD) (AmaxPAR), a eficiência de carboxilação (CE), a eficiência quântica máxima do PSII (Fv/Fm) e a taxa máxima de transporte de elétrons (Jmax) foram significativamente menores nas plantas estressadas. As limitações estomáticas (LS) variaram de 16 a 20% nas plantas controle, sem diferenças significativas entre os tratamentos e entre os ecotipos. As limitações mesofílicas foram significativamente maiores no JGD no ciclo 1, mas decresceram a valores significativamente menores do que no UGD nos dois outros ciclos. Os resultados mostraram que, após quatro dias de reidratação, as limitações estomáticas das plantas estressadas foram comparáveis às das plantas controle (~20%), sendo a recuperação incompleta de A devida a fatores não-estomáticos. Os ecotipos de coqueiro anão-verde, estudados no presente trabalho, mostraram baixa tolerância à deficiência hídrica, visto que tiveram as trocas gasosas e o crescimento severamente afetados, apesar de mostrarem características de evite da desidratação por meio do controle estomático da transpiração. Entretanto, o JGD mostrou algumas vantagens quando comparado ao UGD, como maior eficiência de uso da água ao final do experimento e maior capacidade de acúmulo de prolina. Além disso, durante o período de recuperação, observou-se menor limitação mesofílica, maior eficiência quântica aparente e sinais de aclimatação da capacidade fotossintética (menor efeito da seca na concentração de pigmentos foliares, em AmaxCO2 e CE) no JGD após sucessivos ciclos de deficiência hídrica. Três modelos frequentemente utilizados para descrever empiricamente a resposta de A a PPFD (hipérboles retangular e não-retangular e exponencial) foram comparados utilizando dados experimentais obtidos em plantas adultas e jovens de UGD, cultivadas em cinco diferentes locais. Os resultados mostraram que os três modelos foram considerados quantitativamente adequados. Entretanto, a hipérbole retangular superestimou a taxa fotossintética saturada por PPFD e a eficiência quântica aparente. A hipérbole não-retangular foi menos adequada para estimar os parâmetros fotossintéticos universalmente, mas apresenta como vantagem qualitativa a presença do termo de convexidade que representa a razão entre as resistências física e total à difusão de CO2 para os cloroplastos. Os resultados permitem sugerir o modelo exponencial como uma opção simples, rápida, quantitativa e qualitativamente adequada para acessar as informações das curvas de resposta de A a PPFD.

ASSUNTO(S)

condutância estomática photosynthesis ajuste osmótico stomatal conductance ecofisiologia vegetal osmotic adjustment fotossíntese

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