Lacuna e enunciação no ensino de Física: quando a Física é mágica / Gap and enunciation in Physics teaching: when Physics is Magic

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

06/06/2012

RESUMO

Quando pensamos o ensino e aprendizagem de Física a partir de interações discursivas (BAKHTIN, 1995) e começamos a nos preocupar com a maneira pela qual os alunos se apropriam dos signos e linguagens da ciência, algumas perguntas precisam ser elaboradas: Que imagens de mundo, que representações da realidade o aluno começa a formar quando toma contato com as palavras da ciência? Elas estão de acordo com aquela que o professor pretende estruturar? O professor tem consciência da diferença que há entre sua visão e a dos alunos? Sabemos que não são idênticas (MORTIMER, 2000), que há lacunas entre elas, e isso nos leva a outra série de perguntas: Quais lacunas de entendimento podem ser identificadas no processo dialógico entre professores e estudantes no ensino de Física? Que situações produzem essas lacunas? Como essas lacunas impossibilitam a construção de sentido? O professor percebe os tipos de lacuna que cria? O professor consegue eliminar ou criar lacunas necessárias para amparar o aluno no processo de construção negociada de conhecimento? A criação negociada de significados faz parte de um recente programa de investigação cujos elementos ainda são pouco conhecidos: a interferência dialógica dos professores na construção de significados, os diferentes tipos de discurso e seu papel na aprendizagem, as transformações no valor que os estudantes atribuem ao conhecimento, nos processos de interação etc. Dado que o conhecimento não é simplesmente o acesso às informações do mundo exterior, armazenadas na memória, e dado que pressupõe interações e negociações sucessivas de significados entre os sujeitos em relação, num dado contexto cultural, é na estruturação dessas negociações de significado que se situa a origem das lacunas. Nessas negociações, não basta que a informação seja recebida pelos sujeitos, mas é preciso negociar sua hierarquia, seus critérios de classificação, sua relação com os objetos do mundo e seus conteúdos de valor (RODRIGUES; MATTOS, 2007). Assim, propomos pensar o ensino-aprendizagem de Física na dinâmica de produção e apropriação de um gênero que articula diversas formas discursivas pelas quais os sujeitos transitam nas relações comunicativas. A tomada de consciência das formas discursivas, dados os contextos culturais em que se inserem, demarca momentos importantes da apropriação de gêneros que evidenciam o estabelecimento de domínios consensuais e a compreensão dos signos em jogo. Em nossa abordagem linguística, procuramos estabelecer critérios de classificação para os níveis de interação discursiva, e caracterizar os estados de incompreensão e erro por meio de uma analogia com a ilusão na Arte Mágica. Com essa analogia, pretendemos explorar a intencionalidade do discurso educativo e os efeitos que produz nos seus interlocutores. Finalmente, por meio da análise qualitativa de registros escritos, levantamos elementos que nos permitiram analisar e classificar o que chamamos de discurso lacunar no processo de ensino-aprendizado de Física.

ASSUNTO(S)

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