Juventude e movimento estudantil : o trabalho precário dos estudantes-bolsistas da UFES

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

08/12/2011

RESUMO

A crise do capitalismo, bem como seus desdobramentos, tem provocado profundas mudanças no mundo do trabalho. O período neoliberal no Brasil, marcado pelo aumento do desemprego estrutural e das subcontratações, gerou impactos sobre as políticas sociais, sobretudo, na política educacional e na organização dos trabalhadores. Compreendeu-se a categoria analisada como um exemplo legítimo do processo de flexibilização do trabalho, imposta pela crise estrutural do capital. O objeto desta pesquisa é plural e compreendeu uma abordagem que perpassa de forma interdisciplinar, os campos da Educação, Trabalho e Movimento Estudantil. De forma ampla, a pesquisa se propôs a estudar os caminhos percorridos pela juventude, no que se refere a trabalho, estudo, participação e representação política, no âmbito da universidade pública. Mais especificamente, a pesquisa aprofundou no caso dos bolsistas da UFES, que com o apoio do movimento estudantil, protagonizaram as manifestações grevistas do ano de 2010. O objetivo deste estudo foi verificar e compreender como se dão as condições de trabalho dos estudantes-bolsistas na UFES. O método utilizado foi o estudo de caso e o instrumento de pesquisa escolhido foi o de entrevistas semi-estruturadas. Os sujeitos de pesquisa foram os estudantes-bolsistas da universidade. Foram entrevistados também dirigentes estudantis, um dirigente sindical e um servidor técnico administrativo. A análise dos depoimentos coletados foi realizada por meio da Análise de Conteúdo. Observou-se que os estudantes-bolsistas, devido à dificuldade financeira e à falta de experiência, se tornam vulneráveis aos processos de precarização do trabalho porque estão dispostos a se submeter a qualquer tipo de trabalho que lhes permita a preservação da sua condição de estudante. Estes jovens vivenciam situações que envolvem assédio moral e sexual, desgaste físico e emocional, sobrecarga de trabalho (transferências de responsabilidades, acúmulo de tarefas), falta de reconhecimento, baixa remuneração, falta de amparo, instabilidade, controle psicológico e exposição a agentes insalubres. Sentem-se prejudicados pela falta de amparo em caso acidente ou doença e pela ausência do direito a férias. Além disso, estes sujeitos não se reconhecem como produto de seu trabalho. Além desses aspectos, acerca da participação política dos estudantes, compreendeu-se que se vive hoje uma mudança no perfil da universidade e um refluxo da perspectiva crítica dos agentes que a compõem. O papel do movimento estudantil se concentra na tentativa de direcionar a universidade para a crítica aos fundamentos estruturais da sociedade e para a transformação social. Ao fim da pesquisa, é esperado que este trabalho se constitua um disparador para que surjam outras pesquisas com um enfoque crítico, fundamentadas na práxis, uma vez que se acredita que política se constrói cotidianamente, por meio da combinação dialética entre teoria e prática

ASSUNTO(S)

trabalho precário precarious work student movements political participation administracao movimento estudantil participação política

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