Jovens em ONGS e a representação social da violência : descontinuidade na violência, afirmação do sujeito de direitos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esta tese investiga as Representações Sociais de violência em jovens da camada popular e a descontinuidade na violência a partir da inserção em Organizações Não Governamentais, cuja proposta seja prevenir e/ou suspender a violência. Nortearam o trabalho os objetivos de interpretar a cultura das ONGs pesquisadas a partir das concepções de juventude que as atravessam e a relação com as formas de promover o atendimento do público juvenil; compreender os significados das representações sociais de jovens sobre a “cultura da violência” e dos indicadores da apropriação da condição de sujeitos de direitos, com reflexos na descontinuidade na relação com a violência. O pressuposto defendido é que a relação dos jovens com a violência passa por descontinuidades a partir das oportunidades que atendem às necessidades juvenis e da compreensão da condição de sujeito de direitos. O arcabouço teórico do trabalho articula as abordagens da Teoria das Representações Sociais proposta por Moscovici; da Sociologia da Juventude com apoio em Margulis, Pais, Sposito, Abramo, entre outros, considerando a paradoxal relevância conquistada pela juventude na sociedade ao lado das tradicionais concepções negativas sobre os jovens; as visões antropológica, sociológica e filosófica de cultura e de violência(s) a partir de Arendt, Chauí, entre outros; a explicitação de violência fundadora, conforme René Girard; as nuances da exclusão, segundo Robert Castel; a definição de carência, necessidades e desejo, segundo Heller. A juventude é abordada considerando sua inserção no mundo contemporâneo e caracterizada a partir dos pressupostos do Estatuto da Criança e do Adolescente. O binômio juventude e violência, a cultura das ONGs – locus da pesquisa, as representações sociais manifestadas pelos jovens sobre violências e a aproximação da condição de sujeitos de direitos, são objeto de discussão. A pesquisa qualitativa integrou observações etnográficas; a constituição de grupos de conversação, um em cada ONG, e um grupo de controle com jovens não participantes de ONGs; entrevistas individuais com jovens e com monitores das ONGs, sobre práticas que facilitaram o entendimento da condição de sujeitos de direitos. Os grupos de conversação registraram experiências dos jovens enquanto vítimas e autores de violências, sentimentos, propostas, necessidades, bem como os entendimentos mais amplos sobre a sociedade. A análise dos indicadores empíricos deu-se em três níveis: o primeiro envolveu a análise da cultura das ONGs, identificando as conceituações de jovem em situação de vulnerabilidade a que se filiam e como interpretam as necessidades juvenis e a condição de sujeitos de direitos. O segundo se debruçou sobre as representações sociais de violência, levando em conta as hegemônicas, emancipadas e polêmicas. Houve predomínio das representações hegemônicas de violência, as quais foram organizadas por problemáticas como violência e machismo, preconceito, abuso de poder, violência vivida como aventura, furto, entre outras. O terceiro nível de análise deu-se sobre a descontinuidade nas representações sobre violência(s) e seu efeito na condição de jovens como sujeitos de direitos, indicando que há os que demonstram iniciativas para transitar pela sociedade com civilidade, capacidade para acionar o protagonismo positivo cotidiano e articular redes possíveis. As reflexões e recomendações finais remetem ao fortalecimento da educação não escolar conectado ao aprofundamento do conhecimento sobre as necessidades dos jovens e à constituição de estratégias preventivas e em rede. Esperamos haver contribuído com o reconhecimento do longo caminho a ser articulado em prol da constituição dos jovens como sujeitos de direitos.

ASSUNTO(S)

young people jovem violence violência subject of rights sujeito social representations direitos representação social institutional culture

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