Intertext(sex)ualidade: a construção discursiva de identidades na prevenção de DST/AIDS entre travestis

AUTOR(ES)
FONTE

Trabalhos em Linguística Aplicada

DATA DE PUBLICAÇÃO

2010-06

RESUMO

Com base em uma perspectiva não-representacional/não-essencialista das relações entre linguagem e identidades sociais (MOITA LOPES, 2003; 2006a), o presente artigo descreve a construção de identidades de gênero e sexualidade em intervenções para distribuição de preservativos entre travestis que se prostituem em uma região urbana do sul do Brasil. Durante as intervenções, Sandra e Márcia, duas mulheres que têm se construído em categorias identitárias hegemônicas/tradicionais (brancas, de classe média, heterossexuais e escolarizadas), engajam-se em interações nas quais produzem discursivamente identidades não-tradicionais, o que parece engendrar um processo de adequação (BUCHOLTZ e HALL, 2004) de suas identidades às travestis e ao contexto onde se inserem (i.e. territórios de prostituição). Guiado por teorias de Wittgenstein (2005) e Bakhtin (2003, 2004), argumento que essa produção de múltiplas identidades só é possível pelo caráter intertextual das identidades sociais (HALL, 2005). Sandra e Márcia utilizam intertextos que as constroem como participantes do universo das travestis, posicionando-se como travestis, como clientes de travesti e como prostitutas e, assim, parecem ajustar discursivamente suas identidades às suas interlocutoras. Com esse pano de fundo, discute-se a importância de aproximar a Lingüística Aplicada da prevenção de DST/AIDS.

ASSUNTO(S)

sexualidade gênero social intertextualidade travestis sexo seguro

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