Interpretando e construindo gráficos de barras

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Cada vez mais a humanidade vem sendo obrigada a lidar com uma enorme quantidade de dados. Esses são quotidianamente expostos a população, geralmente apresentados sob forma de gráficos e/ou tabelas. A escola, que tem como uma de suas funções democratizar os conhecimentos produzidos pela humanidade, permitindo a seus alunos serem verdadeiramente cidadãos, deve levá-los a se apropriar desse procedimento de análise e representação de dados. Acreditamos que a aprendizagem de interpretação e construção de gráficos deve considerar a capacidade de transformar questões relativas às situações de vida em propriedades visuais e numéricas. Esse estudo investigou como alunos de 3a série do Ensino Fundamental representavam dados em tabelas e gráficos de barras. Construímos dois grupos de estudo: O primeiro, centramos o enfoque na habilidade dos alunos em categorizar dados e representá-los em tabelas e, no segundo grupo, investigamos como os alunos interpretavam gráficos e tabelas e como construíam gráficos a partir de diferentes tipos de variáveis. Cada grupo de estudo constou de três etapas: um pré teste, uma situação interativa e um pós teste. O pré e o pós teste foram realizados individualmente. As situações interativas buscavam investigar possíveis avanços a partir das reflexões conjuntas entre os pares de alunos. No primeiro estudo, os resultados revelaram que os alunos apresentaram desempenhos diferentes em função da forma de apresentação dos dados. Quando os dados estavam apresentados em tabelas, os alunos apresentaram maior dificuldade, pois compreender a mesma, implica em conhecer as convenções dessa forma de representação. Os alunos apresentaram uma grande variação de compreensões do que significa classificar. Considerando o tipo de variável criada, podemos argumentar que alunos dessa faixa etária são capazes de criar variáveis binárias, nominais, ordinais e numéricas. Entretanto, os alunos apresentaram dificuldades em definir um descritor para variáveis ordinais e principalmente para variáveis nominais. No segundo grupo de estudo, observamos que os alunos apresentaram facilidade em localizar pontos extremos independentemente do tipo de variável. Quando a interpretação exigia a compreensão variacional, encontramos dificuldades para nossos sujeitos. Entretanto, observamos que quando os alunos foram solicitados a extrapolar o gráfico, esses demostraram realizar uma análise variacional. Lidar com as escalas foi uma dificuldade encontrada pelos alunos quando o valor que solicitávamos não estava explícito na escala. Nos parece que a dificuldade dos alunos está no estabelecimento da proporcionalidade dos valores numa reta. Realizada uma análise de Estrutura de Similaridade entre as atividades (SSA) obtivemos como resultado uma estrutura modular, indicando que as tarefas referentes a Interpretação do gráfico nominal com múltiplos valores desempenham um papel central na compreensão dos demais conceitos por nós investigados (interpretação a partir de dados nominais, construção de um gráfico a partir de dados nominais, construção de gráficos a partir de dados ordinais e interpretação de gráficos a partir de dados ordinais). Quando comparamos o desempenho dos alunos em dupla (simétricas e assimétricas) e individualmente, não encontramos diferenças a partir de uma análise de Estrutura de Similaridade (SSA). Assim, os conceitos por nós trabalhados não apresentaram diferenças em função dos padrões de interação. Consideramos que o processo de construção do conhecimento não deve separar o social do cognitivo. Nossos dados apontam que os alunos são capazes de interpretar e construir representações gráficas, portanto, cabe à escola auxiliá-los nessa trajetória

ASSUNTO(S)

classificação psicologia graficos/tabelas aprendizagem

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