Internações hospitalares por doenças isquêmicas do coração, pelo sus em Belo Horizonte: acesso, características e desfechos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

As Centrais de Internação (CI) foram criadas como ferramentas para a regulação do acesso às internações hospitalares. Entretanto, muitas internações ocorrem diretamente nos hospitais. Esta dissertação, apresentada sob a forma de dois artigos científicos, investigou a existência de diferenças nas características e desfechos das internações realizadas pelo SUS-BH em 2002, segundo a via de acesso ao hospital, direta ou pela CI. Os dados foram obtidos das Autorizações de Internações Hospitalares (AIH) e dos laudos e pedidos de vaga para internações da Secretaria Municipal de Saúde-BH. Foram selecionadas internações solicitadas por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Insuficiência Coronariana (IC). O primeiro artigo comparou, através de uma análise de corte transversal, as características das internações com relação à via de acesso. De 3705 internações, 24,9% foram realizadas pela CI e 75,1% por via direta. As proporções de internações pela via direta foram maiores que as pela CI para pacientes ³ 70 anos (23,6% vs. 18,8%, p=0,001), internados por IC (74,4% vs. 65,4%, p<0.001), na clínica cirúrgica (9,1% vs. 5,4%, p<0.001), no fim de semana (20,9% vs. 17,6%, p=0,030) e com outros procedimentos invasivos relativos à doença isquêmica (8,8% vs. 5,0%, p<0.001). Os percentuais de internações via CI foram maiores que os via direta para residentes em outros municípios (43,8% vs. 35,8%, p<0.001), em hospitais não públicos (97,1% vs. 72,0%, p<0.001) e com utilização de UTI (20,2% vs. 16,8%, p=0,020). Houve também disparidades entre as vias de internação com relação aos custos e tempo de permanência. O 2º artigo verificou, através de estudo longitudinal, se a via de internação esteve associada ao óbito intra- hospitalar após ajuste por fatores relevantes. Nos casos de mais de uma internação pelos procedimentos IAM ou IC, somente a última foi considerada. Cada internação analisada correspondeu a um paciente diferente. Os resultados não indicaram existência de associação entre a via de acesso à internação e o risco de óbito intra- hospitalar pelos fatores estudados. A análise multivariada mostrou que o risco de óbito foi maior para: pacientes com 60 ou mais anos, sexo feminino, procedimentos solicitados por IAM, uso de UTI, internação em hospital público e especialidade cirúrgica. Nas internações em que procedimento solicitado foi IAM, houve maior risco de morte de pacientes internados no fim de semana. O estudo demonstrou a existência de diferenças nas características das internações realizadas pelas vias de acesso e desigualdades nos resultados da assistência. Os resultados sugerem a realização de novas investigações para avaliar a assistência prestada pelos hospitais, levando-se em conta outros fatores, como por exemplo, a estrutura dos serviços, tecnologia disponível, gravidade e comorbidades dos pacientes e processo do cuidado, subsidiando intervenções que garantam maior equidade e qualidade da assistência.

ASSUNTO(S)

acesso aos serviços de saúde decs sistema Único de saúde decs coronariopatia/epidemiologia decs triagem decs infarto do miocardio/epidemiologia decs saúde pública teses. dissertações acadêmicas decs hospitalização decs doenças cardiovasculares/epidemiologia decs avaliação de resultados (cuidados de saúde) decs dissertação da faculdade de medicina ufmg equidade no acesso decs número de leitos em hospitais/normas decs mortalidade hospitalar decs sistemas de informação hospitalar decs

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