Interdependência dos preços de feijão-vulgar, entre cinco dos principais mercados em Moçambique / Interdependence of prices of common bean among five major markets in Mozambique

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

13/09/2011

RESUMO

A precariedade das rodovias, a distância e a informalidade das transações afetam a integração dos mercados do feijão-vulgar em Moçambique. A desorganização da cadeia comercial do feijão-vulgar somada às deficiências da infraestrutura de comercialização gera diferencial de preços entre os mercados regionais. O cultivo e o comércio do feijão-vulgar têm tomado espaço cada vez mais significativo nos mercados moçambicanos na última década. Além de ser uma leguminosa amplamente consumida nesta região do território africano, é uma cultura geradora de renda, especialmente para as famílias rurais. As regiões Centro e Norte do país são caraterizadas como regiões de produção, havendo um fluxo constante de feijão-vulgar destas duas regiões para a região Sul, onde se encontra o maior mercado consumidor. Apesar desta ligação entre o Norte e o Sul do país, não existem informações sobre a interdependência entre os preços destes mercados, sendo assim esta análise é de grande importância no desenvolvimento econômico da nação moçambicana, visto que revela informações e conhecimentos úteis para a tomada de decisões e de formação de opinião em diversos assuntos relacionados ao setor de produção e comercialização de feijão vulgar, que tem crescido muito nos últimos dez anos. A integração de mercados facilita, aos agentes envolvidos na cadeia desde o produtor ao consumidor, tomarem decisões racionais, contribuindo assim para a maior eficiência do mercado. Todos estes benefícios contribuirão para melhoria no bem-estar dos produtores e consumidores. Dada a relevância do tema e pelo fato de nenhum estudo desta natureza ter sido realizado em Moçambique com feijão-vulgar, o presente trabalho tem como objetivo analisar a intregração de preços entre os mercados varejistas e o sentido de transmissão entre as cinco capitais provinciais: Tete, Maputo, Nampula, Maxixe e Lichinga, no período de janeiro de 2005 a janeiro de 2011. Para tal, utilizaram-se dados semanais, os quais foram transformados em logarítmos para melhor ajustamento do modelo. Para que se cumprisse este objetivo, utilizou-se como metodologia o Modelo Auto Regressivo (VAR). Este permite analisar a integração dos mercados e a transmissão de preços por intermédio da função impulso-resposta, da decomposição da variância dos erros de previsão e do teste de causalidade. Os resultados da função impulso-resposta e da decomposição da variância dos erros de previsão indicam que o mercado de Tete tem o maior poder de explicação sobre os preços de feijão-vulgar dos mercados de Nampula, Maputo, Maxixe e Lichinga, liderando significativamente as variações nos preços de feijão-vulgar no curto prazo. O mesmo não aconteceu com os demais mercados. Nampula apresentou poder de explicação apenas sobre os preços de feijão-vulgar do mercado de Lichinga. Pelo teste de causalidade de Granger, existe uma relação unidirecional causal dos preços de feijão-vulgar do mercado de Tete para Nampula, Maputo e Maxixe. Também foi encontrada uma relação unidirecional causal dos preços de feijão-vulgar do mercado de Maputo para Maxixe e para Lichinga. Isto implica dizer que os preços passados nestas duas regiões afetam os preços presentes das regiões em causa. Pode-se assim afirmar que a hipótese de presença de integração entre os mercados de feijão-vulgar em análise não foi rejeitada. Isto quer dizer que os preços dos mercados em análise são integrados, ou seja, se inter-relacionam ao longo do tempo. A segunda hipótese de que Maputo tem grande importância na explicação dos preços dos demais mercados foi rejeitada. Dada a importância dos preços do feijão-vulgar do mercado de Tete na determinação dos reços dos demais mercados, conclui-se que o mercado de Tete é formador de preços, enquanto que os mercados de Nampula, Maputo, Maxixe e Lichinga podem ser considerados como tomadores de preços. Deve-se salientar que a falta de intervenção direta pelos órgãos de competência neste setor, é um fator determinante para o mau andamento da cadeia, desde a produção à comercialização do produto. Maior intervenção do governo no mercado de feijão-vulgar propiciando pesquisa agrícola, melhoria das vias de acesso, políticas de crédito e de garantia de preços, assistência técnica e criação de infraestruturas de transporte contribuirão para o desenvolvimento do país como um todo. A intervenção de instituições de direito ajudaria a monitorar o movimento dos preços, facilitando assim a implementação de políticas de estabilização e previsão dos preços do país, dando assim maior suporte aos agentes econômicos nas tomadas de decisões inerentes ao setor.

ASSUNTO(S)

preço feijão-vulgar moçambique economia agraria price common bean mozambique

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