Interações sociais de casais vivendo com HIV dez anos após introdução dos anti-retrovirais no Brasil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Este estudo tem o objetivo de compreender as interações sociais de casais infectados pelo HIV dez anos após a instituição da terapia anti-retroviral (TARV) no Brasil, comparando seus resultados com estudo realizado por Freitas, em 1998, sobre o mesmo objeto e com a mesma metodologia. A proposta teórico-metodológica, de cunho qualitativo, fundamenta-se nas teorias interacionistas e foi realizada com entrevistas abertas, em profundidade, analisadas com base na análise estrutural de narração. Foram abordados seis casais heterossexuais com, pelo menos, um ano de vida de vida em comum e em tratamento para o HIV/aids em um serviço público de referência em Belo Horizonte, Minas Gerais. A interpretação dos dados apontou três categorias temáticas: a descoberta da soropositividade pelos cônjuges; as interações no interior do casal; as interações do casal com o exterior. No momento da descoberta, ainda estão presentes sustos, medos do inesperado, choque, tristeza, angústia e fuga, apesar de os participantes saberem dos avanços científicos no campo do HIV. As falas atuais acusam menor medo da morte, presente de forma intensa há dez anos, mas esse medo está implícito quando as pessoas afirmam a necessidade de mudança de visão da vida para se realizarem planos em curto prazo. O relacionamento conjugal foi abordado pelos participantes antes do diagnóstico, durante a revelação e como está hoje. As dificuldades são as mesmas e as diversas formas de segredo transitam nos pólos da confiança e da desconfiança no cotidiano dos casais. Com relação à família há escolhas de revelar ou esconder a verdade sobre o diagnóstico, havendo necessidade de dissimulações, pequenas mentiras e omissões, geralmente, para se proteger do risco de maledicências e de preconceito, ou para proteger os familiares próximos de sofrimentos. Nas interações com o círculo social, os casais continuam mantendo segredo quanto à soropositividade, principalmente pelo medo do preconceito. Apenas os mais próximos compartilham do diagnóstico, não havendo mudança com relação aos resultados encontrados no estudo de 1998. Há dificuldades para a socialização e a adaptação à nova trajetória de vida e os profissionais de saúde devem criar estratégias de acompanhamento que incluam o atendimento aos casais e suas famílias.

ASSUNTO(S)

dissertações acadêmicas como assunto decs soropositividade para hiv/psicologia decs enfermagem teses humanos decs anti-retrovirais decs enfermagem decs pesquisa qualitativa decs casamento decs relacões interpessoais decs sindrome de imunodeficiência adquirida/psicologia decs preconceito decs conjuges decs brasil decs

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