Interações evolutivas entre borboletas da tribo troidini (Papilionidae, Papilioninae) e suas plantas hospedeiras no genero Aristolochia (Aristolochiaceae)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Uma filogenia dos membros Neotropicais da tribo Troidini (Lepidoptera: Papilionidae) foi obtida a partir da seqüência de três genes codificadores de proteínas: dois mitocondriais (COI e COII) e um nuclear (EF-1?). Análises de Parcimônia e Bayesiana de 33 taxa resultaram em árvores bastante similares, independentemente do método utilizado, com os 27 Troidini sempre formando um ramo monofilético. O gênero Battus é grupo irmão dos demais Troidini, seguido pelo ramo formado pelos taxa Paleotropicais (aqui representados por três espécimes). O gênero Euryades é o próximo ramo, e grupo irmão dos Parides. O gênero Parides é monofilético, e está dividido em quatro grupos principais pela análise de Máxima Parcimônia, com o grupo mais basal composto das espécies com cauda do SE do Brasil. Otimizações de Caráter de dados ecológicos e morfológicos sobre a filogenia proposta para os troidines indicaram que o uso de várias espécies de Aristolochia é o caráter ancestral, ao invés do uso de poucas ou de uma única planta hospedeira. Para os outros três caracteres, os estados ancestrais foram ausência de uma cauda longa, floresta como habitat primário e oviposição de ovos solitários ou em grupos dispersos de vários ovos. Uma filogenia baseada no gene cloroplástico matK e na região não-codificadora entre os genes trnL-trnF, e uma relação química baseada no seu padrão de sesquiterpenos, foram propostas para as plantas do gênero Aristolochia do SE do Brasil. Aristolochia é um gênero monofilético, cujo estado ancestral é a presença de ácidos aristolóquicos (AAs) nas suas folhas. Espécies consideradas derivadas mostram apenas ácidos labdanóicos (LAs) nas folhas. A relação fenética recuperada com os sesquiterpenos não concorda com a relação filogenética para as Aristolochia, e três grupos principais podem ser reconhecidos: germacreno-D, germacreno-C e Z-cariofileno. A distribuição de AAs e LAs sobre a filogenia de Aristolochia pode ser vista como um resultado da evolução de defesas contra herbivoria de insetos fitófagos através da história evolutiva destas plantas. Por outro lado, a diferenciação das estruturas dos sesquiterpenos em espécies filogeneticamente próximas pode ser hipotetizada como resultado de adaptações relacionadas à atração de polinizadores. Análises filogenéticas foram conduzidas para se determinar relações e para investigar a evolução de caracteres na evolução da interação entre Troidini e Aristolochia, tentando responder as seguintes questões: 1) qual o padrão de utilização de Aristolochia por estas borboletas? 2) o padrão visto atualmente está relacionado à filogenia das plantas ou à sua composição química? 3) a distribuição geográfica das Aristolochia pode explicar a utilização de plantas hospedeiras observada atualmente? e 4) como a interação entre Troidini e Aristolochia evoluiu? Foi encontrada uma congruência significativa entre as filogenias de Troidini e Aristolochia e entre a filogenia dos Troidini e o quimiograma de Aristolochia quando apenas as associações com as plantas hospedeiras preferenciais de Troidini foram consideradas. No entanto, o padrão atual do uso de plantas hospedeiras não parece ser limitado pela filogenia das mesmas, nem pelos químicos secundários encontrados nestas plantas nem pela sua similaridade geográfica. O uso atual de plantas hospedeiras nestas borboletas parece ser simplesmente oportunístico, com espécies com uma ampla distribuição geográfica usando mais espécies de plantas hospedeiras do que aquelas com distribuição mais restrita

ASSUNTO(S)

relação inseto-planta troidini uso de hospedeiros aristolochia plantas - filogenia

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