Insuficiência renal aguda após intervenção coronária percutânea primária no infarto agudo do miocárdio: preditores e evolução clínica a longo prazo

AUTOR(ES)
FONTE

Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva

DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

FUNDAMENTOS: A ocorrência de insuficiência renal aguda (IRA) está associada a pior evolução clínica após infarto agudo do miocárdio (IAM), sendo sua ocorrência de natureza multifatorial. Os preditores e o prognóstico da IRA após intervenção coronária percutânea (ICP) primária ainda não estão bem estabelecidos. OBJETIVO: Identificar os preditores de IRA em pacientes submetidos a ICP primária e determinar a evolução clínica a longo prazo. MÉTODO: Estudo retrospectivo, no qual foram incluídos pacientes com quadro de IAM com supra-ST submetidos a ICP primária, no período de janeiro de 2002 a janeiro de 2007. Os pacientes foram classificados quanto à presença de IRA (aumento da creatinina > 0,5 mg/dl ou > 25% em relação aos valores basais) durante evolução intra-hospitalar. Os pacientes foram acompanhados clinicamente por meio de revisão de prontuário e contato telefônico para avaliação de eventos maiores. RESULTADOS: Foram incluídos 150 pacientes com média de idade de 60 anos, sendo 73% do sexo masculino. Fatores considerados indicadores de risco de IRA, como diabetes melito (34%), Killip > 1 (27%), volume de contraste e fármacos, também foram avaliados. IRA ocorreu em 15,3% dos pacientes. Após análises univariada e multivariada: creatinina > 1,5 mg/dl (odds ratio [OR]: 3,633; intervalo de confiança de 95% [IC 95%]: 1,047-12,613; p = 0,042), aumento da idade (OR: 1,066; IC 95%: 1,002-1,090; p = 0,044), apresentação ou ocorrência de Killip > 1 (OR: 3,190; IC 95%: 1,025-9,933; p = 0,045) e necessidade de ventilação mecânica (OR: 6,364; IC 95%: 2,142-18,910; p = 0,001) foram considerados preditores independentes de IRA. Após um ano de evolução, os eventos óbito (p = 0,001) e reinfarto (p = 0,048) apresentaram diferença significativa entre os grupos com e sem IRA; tal diferença não ocorreu para revascularização (p = 0,305), diálise (p = 0,281) e eventos combinados (p = 0,060). Essas diferenças permaneceram na evolução de seis anos. CONCLUSÃO: Os principais preditores de IRA após ICP primária relacionam-se com idade, presença de creatinina > 1,5 mg/dl e má evolução clínica intra-hospitalar. IRA após ICP primária constitui preditor de eventos maiores a curto e longo prazos.

ASSUNTO(S)

angioplastia transluminal percutânea coronária infarto do miocárdio insuficiência renal aguda meios de contraste rim

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