Instâncias formativas, modos e condições de participação nas culturas do escrito: o caso de João Gumes (Caetité-BA, 1897-1928)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O presente trabalho buscou entender como um sujeito proveniente de uma família que possuía parcos recursos financeiros, conseguiu desenvolver uma participação ativa na cultura escrita nas décadas finais do século XIX e iniciais do século XX, na cidade de Caetité-BA. Para responder à questão proposta, investigamos as instâncias primárias (família e escola), além de outras instâncias socializadoras na vida adulta, como o trabalho, as práticas religiosas e a vida urbana, que também funcionaram como formadoras e possibilitaram a sua participação na cultura escrita. Assim, percebemos que a família teve um papel fundamental na sua trajetória, pois o fato de ter parentes mestres-escolas e de viver num ambiente letrado colaborou para que João Gumes construísse uma relação de intimidade com a leitura e a escrita. As diversas funções que exerceu, como mestre-escola, funcionário público, tipógrafo, escritor, tradutor, jornalista, arquiteto, entre outras, também colaboraram para o seu processo de participação nos espaços de socialização do escrito na cidade. Quanto ao tipo de participação que João Gumes desenvolveu na cultura escrita, verificou-se que ele foi um leitor assíduo que frequentou vários espaços de leituras existentes em Caetité. Entre as leituras que realizou, sobressaíram as espíritas, seguidas das jurídicas, de história do mundo, literatura nacional e estrangeira, entre outras. Como escritor, sua produção deu ênfase às questões regionalistas, voltadas para a paisagem do Sertão e os problemas sociais da sua população. Entre as ideias que defendeu, a educação escolarizada teve uma atenção especial; defendia também o maior acesso da população ao material escrito. Para a realização da pesquisa, utilizaram-se os fundamentos do campo da História Cultural. O jornal A Penna e os romances do autor constituíram as fontes principais da pesquisa, seguidas de cartas, livro de matrícula, atas e outros documentos. Nesse sentido, investigar a trajetória de João Gumes tornou-se fundamental para perceber que ele se apropriou da herança cultural obtida na família e tratou de ampliá-la e legitimá-la, bem como disponibilizá-la ao acesso de outras pessoas. A análise das fontes disponíveis tornou possível entrever instâncias que não só foram significativas para a formação desse sujeito, nas relações que mantinha com a elite econômica local e regional, mas também contribuíram com o estabelecimento de uma cultura escrita na região do Alto Sertão baiano.

ASSUNTO(S)

educação  teses cultura escrita teses educação não-formal teses

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