Insegurança Alimentar e estado nutricional de crianças de São João do Tigre, no semi-árido do Nordeste

AUTOR(ES)
FONTE

Revista Brasileira de Epidemiologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2009-09

RESUMO

OBJETIVO: Analisar o estado nutricional de menores de cinco anos e sua relação com a situação de (in)segurança alimentar. MÉTODOS: Estudo transversal de 458 famílias, com 558 menores de 5 anos, realizado no município de São João do Tigre. A avaliação da (in)segurança alimentar foi realizada mediante aplicação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). A categorização do estado nutricional foi feita a partir dos indicadores estatura/idade, peso/idade e índice de massa corporal (IMC), utilizando-se as curvas da Organização Mundial da Saúde. Também foram analisadas as associações com os indicadores socioeconômicos e biológicos da criança sobre o índice estatura/idade. RESULTADOS: A segurança alimentar foi caracterizada em torno de 13% das famílias, prevalecendo nas demais a condição de insegurança alimentar, sendo a forma moderada a predominante (40,2%). Encontrou-se uma frequência mais baixa do que o normalmente esperado de desnutrição pelo IMC (1,2% e 1,3%, respectivamente, para as áreas rural e urbana), com resultados bem mais elevados ao se considerar o índice estatura/idade (16,8% e 12,9%). A análise de regressão linear multivariada revelou que apenas duas variáveis (renda familiar per capita e escolaridade materna) influenciaram significativamente o índice estatura/idade. CONCLUSÃO: Em população de elevado grau de pobreza, baixo Índice de Desenvolvimento Humano e prevalência quase generalizada de insegurança alimentar, o uso exclusivo de indicadores antropométricos pode revelar uma situação aparentemente bem mais favorável. Portanto, os resultados não podem ser interpretados apenas no campo da validade interna, mas no interior de um processo de rápidas mudanças que caracterizam a transição nutricional em curso, atingindo inclusive as populações de condições de vida excepcionalmente desfavoráveis.

ASSUNTO(S)

insegurança alimentar pobreza estado nutricional crianças

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