Inibição neonatal da recaptação de serotonina: repercussões sobre o desenvolvimento morfológico neuromuscular do esôfago em ratos nutridos ou não

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Existem períodos críticos do desenvolvimento do sistema nervoso que são vulneráveis a agressões do ambiente. Nessa fase da vida em mamíferos, acontece também o desenvolvimento do trato gastrintestinal, ressaltam-se suas estruturas neurais responsáveis pelo controle motor do sistema digestório. Durante essas etapas, estímulos precoces ou insultos podem resultar em mudanças persistentes na estrutura e função do organismo. Esse fenômeno, conhecido como programação, pode ser responsável pelo estabelecimento de doenças na vida adulta. O objetivo do presente estudo foi investigar as possíveis repercussões da desnutrição e/ou da inibição neonatal da recaptação de serotonina no desenvolvimento estrutural neuromuscular do esôfago em ratos. A amostra consistiu de 97 ratos machos da linhagem Wistar. Os animais foram divididos em dois grupos: nutrido (n=39) e desnutrido (n=58). A manipulação farmacológica com inibidor seletivo de recaptação de serotonina foi realizada durante o período de lactação. Os animais de cada grupo foram divididos em dois subgrupos: 1o tratados com soro fisiológico (NS, n=21; DS, n=38); 2o, com sertralina (10 mg/Kg pc, s.c.) (NSert, n=18; DSert, n=20). Ratos de cada subgrupo foram pesados e sacrificados para retirada de esôfago e posterior análise dos parâmetros macroscópicos e miscroscópicos aos 22 ou 90 dias de idade. O esôfago de cada animal era removido e medido o comprimento total; em seguida, dividido por dissecção em duas porções de igual comprimento. Após aferição do peso da porção proximal, só essa era então utiliza, fixada, desidratada e seccionada para coloração. Inicialmente, foi utilizada a Hematoxilina/Eosina para localização dos neurônios do plexo mioentérico. Em seguida, para confirmação e eventuais medidas, foi empregado o método de impregnação neuronal por nitrato de prata. A desnutrição e/ou a ação neonatal da sertralina parecem ter sido responsáveis pela redução do peso corporal na fase de lactação. Nos desnutridos, houve redução ponderal que persistiu mesmo após o período de recuperação nutricional. A restrição protéica precoce e o uso neonatal de sertralina tiveram impactos relevantes no tamanho e no peso do esôfago nos animais com 22 dias de vida. A manipulação nutricional gerou mudanças persistentes, em ambas as idade estudadas, na área e no perímetro das fibras musculares longitudinais. Ambos os insultos (nutricional ou farmacológico) ocasionaram diminuição do número de neurônios mioentéricos. No entanto, esses efeitos só foram observados nos animais desnutridos no 22o dia de idade. Curiosamente, nos animais tratados com sertralina houve diminuição de neurônios, somente ao 90o dia de idade. Quanto à relação entre o número de neurônios do plexo mioentérico e a área das células musculares longitudinais, os animais desnutridos apresentaram maior proporção a curto e a longo prazo. Enquanto que na relação entre o número de neurônios e o perímetro das fibras, os efeitos dieta e droga demonstraram, respectivamente, maior e menor proporções a longo prazo. A desnutrição e o uso de inibidor seletivo de recaptação de serotonina parecem programar alterações neuromusculares na morfologia do esôfago. Essas observações indicam que as mudanças estruturais associadas com a programação estão relacionadas à função regulatória da serotonina no desenvolvimento neuromotor do trato gastrintestinal.

ASSUNTO(S)

neurologia plexo mioentérico malnutrition serotonina myenteric plexus, esophagus esôfago fibras musculares sertralina desnutrição serotonin, sertraline, muscle fibers

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