Ingestão de fluoreto por pré-escolares, com o uso de dentifrícios infantil e regular: um estudo experimental cruzado

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

20/05/2010

RESUMO

Este estudo teve como objetivo comparar a dose e a quantidade de fluoreto (F) ingerido por meio de dentifrícios formulados para crianças (infantis) com aqueles para adulto (regular), usando como indicadores de exposição o Fluoreto Total (FT) e Fluoreto Solúvel Total (FST), bem como avaliar a concentração do FT, FST e fluoreto iônico (FI) em dentifrícios usados habitualmente pelas crianças. O estudo foi experimental, do tipo cruzado, em que cada criança foi submetida a duas escovações, uma com dentifrício infantil e outra com dentifrício regular, em ocasiões distintas, e na própria escola. Participaram do estudo 197 crianças da cidade de Montes Claros (MG) de 9 a 48 meses de idade. Os resíduos da escovação foram coletados para determinar a quantidade de F ingerido durante a escovação (quantidade inicial usada na escova subtraída do remanescente na escova e produtos expectorados) e a dose de F (mgF/Kg peso/dia) a que as crianças foram submetidas (quantidade de F ingerido durante a escovação multiplicado pelo número de escovações diárias e dividido pelo peso da criança). O teor de F nos resíduos de escovação e nos dentifrícios usados pelas crianças foi determinado utilizando um eletrodo específico para íon flúor. As crianças foram pesadas e os pais responderam a um questionário, que teve como finalidade avaliar os hábitos de escovação da criança e o nível socioeconômico da família (NSE). Para a análise estatística, utilizaram-se os programas Microsoft Office Excel 2007 e SPSS for Windows, version 18.0, considerando p0,05. Observou-se que 45,15% dos dentifrícios do estudo eram do tipo regular (100% com 1100-1500 ppmF) e 54,85% do tipo infantil (86,73% com 1000-1200 ppmF, 5,31% com 500-800 ppmF e 7,96% sem F). As concentrações de FT, declaradas pelo fabricante e analisadas, foram semelhantes, a concentração de FST variou de 422.3 a 1432,3 ppmF (1016,7±234,7 ppmF). Os dentifrícios regulares contendo carbonato de cálcio (CaCO3) como abrasivo apresentaram uma maior porcentagem F insolúvel e concentrações médias de F solúvel semelhantes, quando comparadas às dos dentifrícios infantis contendo sílica como abrasivo (1006,3±137,0 e 1061,4±270,3 ppmF, respectivamente). Em relação ao tipo de dentifrício usado e NSE da família, houve uma relação estatisticamente significativa entre crianças que usavam dentifrício infantil e alto NSE e uso do dentifrício regular e baixo NSE (p<0,001). A ingestão de FT foi maior para o dentifrício regular (0,51±0,44 mgF) que o infantil (0,35±0,34 mgF). Ao contrário a ingestão FST foi maior para o dentifrício infantil que o regular (0,37±0,36 e 0,26±0,30 mgF, respectivamente), bem como a dose de F a que as crianças foram submetidas (0,049±0,068 e 0,034±0,053 mgF/Kg/dia, respectivamente) (p<0,001). Embora os dois tipos de dentifrício usados possam representar risco para o desenvolvimento de fluorose dental, verificou-se que o dentifrício infantil contribuiu para uma maior ingestão de FST. Assim, o valor do F solúvel presente no dentifrício, e não apenas o do F total, deve ser levado em consideração ao se estimar o potencial anticárie ou de risco de desenvolvimento de fluorose dental.

ASSUNTO(S)

fluoretos - teses cáries dentárias em crianças - teses fluorose dentária - teses boca - cuidado e higiene - teses saúde bucal - crianças - teses fluoretos/efeitos adversos decs dentifrícios decs

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