Influência do momento da palatoplastia nas alterações otológicas de portadores de fissura palatina / The effect on the middle ear of the timing of cleft palate closure

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução: A associação entre fissura palatina e otite média encontra-se bem estabelecida na literatura. Diversos autores demonstraram que a palatoplastia determina uma diminuição da prevalência de otite média neste grupo de pacientes. Não existe, entretanto, consenso a respeito do momento ideal para a correção cirúrgica do palato. Objetivo: Determinar se o momento em que é realizada a palatoplastia influencia na prevalência e na gravidade das alterações otoscópicas e audiológicas de 100 portadores de fissura palatina entre seis e 12 anos de idade. Métodos: Estudo transversal. A palatoplastia precoce (antes dos 24 meses) foi realizada em 54 pacientes, e a tardia, em 32. Quatorze pacientes não tinham seus palatos corrigidos no momento da avaliação. Os pacientes realizaram vídeo-otoscopia, audiometria tonal e vocal e impedanciometria. Os achados otoscópicos foram classificados em três grupos: sem alterações significativas, alterações reversíveis e otite média crônica. Os achados otoscópicos foram pontuados de acordo com uma escala de gravidade baseada no seu tratamento otorrinolaringológico atual. Cada orelha recebeu a pontuação da alteração mais grave identificada. Perda auditiva foi definida como média dos limiares de via aérea para as freqüências da área de fala >24 dB. A análise estatística foi realizada através dos testes de qui-quadrado, de Kruskal-Wallis e de Mann-Whitney, sendo considerados como estatisticamente significativos valores de P<0,05. Resultados: A análise qualitativa mostrou uma tendência de menor ocorrência de otite média crônica no grupo submetido à palatoplastia precoce, não atingindo, entretanto, significância estatística (P= 0,063). A análise quantitativa evidenciou um escore otoscópico menor no grupo submetido à palatoplastia precoce (P=0,04). O grupo submetido à palatoplastia precoce colocou significativamente mais tubos de ventilação (P=0,037). O escore otoscópico dos pacientes submetidos à intervenção otológica foi maior do que o daqueles que não realizaram o procedimento (P=0,001). A prevalência de perda auditiva não diferiu de acordo com o momento da palatoplastia. Conclusão: O momento da realização da palatoplastia não parece interferir na prevalência de otite média e de perda auditiva em pacientes com fissura palatina entre seis e 12 anos de idade. Nossos achados sugerem,entretanto, que o fechamento precoce do palato constitui-se numa possível inferência frenadora dos eventos sucessivos que culminarão com a instalação de alterações teciduais irreversíveis na fenda auditiva.

ASSUNTO(S)

fissura palatina complicações criança otite média

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