Influência do fogo no banco de sementes de áreas de cerrado com diferentes históricos de incêndio

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Em comunidades altamente heterogêneas no tempo e espaço, tais como as de cerrado, é difícil identificar os processos e estratégias predominantes, assim como o efeito de eventuais perturbações. Tendo em vista a função de estruturação do fogo no cerrado, compreender o efeito dos incêndios no banco de sementes pode fornecer informações sobre o processo de regeneração. Nesse trabalho, buscamos identificar a influência do fogo sobre a estrutura do banco de sementes em duas áreas de cerrado sensu stricto com estrutura e histórico de perturbação distintos, localizadas no campus de São Carlos da Universidade Federal de São Carlos. A primeira área foi queimada em 2006, enquanto a segunda foi queimada em 2009. Amostramos, também, o banco de sementes em áreas adjacentes não queimadas. As amostragens foram conduzidas na estação seca e chuvosa desde a estação chuvosa de 2007 até a estação seca de 2010, apenas na camada superficial de solo (0-4 cm) em 2007 e 2008; em 2009 e 2010, acrescentamos uma camada mais profunda (5-8 cm) e a serapilheira. Estimamos o número de sementes viáveis no solo pelo método da germinação, e analisamos o efeito do fogo, ano de amostragem, estação e profundidade por meio de Analise de Variância Univariada e Multivariada no programa PERMANOVA. As áreas mais preservadas apresentaram um banco de sementes muito mais abundante e diverso, com predomínio de Miconia albicans, Tibouchina stenocarpa e Panicum campestre, espécies nativas do cerrado, enquanto nas áreas degradadas o banco de sementes foi dominado por Melinis minutiflora e Urochloa decumbens. O fogo causou uma redução nas densidades de sementes no solo. Espécies como U. decumbens e P. campestre responderam rapidamente a essas alterações com um aumento rápido de abundância, enquanto M. albicans respondeu de forma mais lenta, mas também efetiva. Embora a distribuição vertical no solo tenha mostrado que M. albicans e P. campestre podem formar bancos persistentes, o banco de sementes das áreas amostradas é muito limitado para sustentar o processo de regeneração natural. Considerando as pressões as quais o fragmento tem sido submetido, é provável que ocorra um aumento na freqüência de incêndios, aumentando a possibilidade do avanço das gramíneas exóticas sobre as áreas mais preservadas. Caso esse quadro se mantenha, provavelmente ocorreria uma homogeneização da área, com a conversão do cerrado sensu stricto em áreas dominadas pelas gramíneas exóticas M. minutiflora e U. decumbens..

ASSUNTO(S)

melastomataceae gramínea exótica miconia albicans regeneração (biologia) ecologia melastomataceae exotic grasses miconia albicans regeneration ecologia vegetal

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