Influência da temperatura na ecologia e no comportamento de Callicebus nigrifrons (Primates: Pithecilidae) / Temperature influence on ecology and behavior of Callicebus nigrifrons (Primates: Pithecilidae)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

20/03/2012

RESUMO

A alteração das necessidades energéticas dos endotérmicos pela variação da temperatura ambiental devido aos custos da termorregulação pode influenciar seu comportamento. O objetivo desse estudo foi investigar a influência da temperatura nos comportamentos de sauás (Callicebus nigrifrons) na Serra do Japi, região com marcada sazonalidade e temperatura reduzida pela altitude. Para isso, relacionamos com a temperatura: o padrão de atividade, os itens alimentares e os comportamentos termorregulatórios durante o descanso (seleção de micro-hábitat, contato entre os indivíduos e postura corporal). Quanto menores as temperaturas mínimas noturnas, o que pode representar estresse térmico, os sauás iniciaram suas atividades mais tardiamente, no momento em que a temperatura ambiental já estava elevada. A distância percorrida diariamente não variou com a temperatura, mas os sauás locomoveram mais no início do dia, horário mais frio, coincidindo com o início das atividades. Entre os meses, a locomoção foi menor nos mais frios, possivelmente resultando em economia de energia. Não houve seleção por itens alimentares mais calóricos em temperaturas baixas. Entretanto, houve aumento no forrageio nos meses mais frios (não relacionado com a disponibilidade de frutos), compatível com a ideia de que os custos da termorregulação podem influenciar a ingestão de alimentos. A seleção de locais ao sol foi maior em temperaturas baixas, e tal comportamento pode estar reduzindo os custos da termorregulação com o aumento da absorção de calor da radiação solar. O contato entre os indivíduos ao longo do dia não teve relação com a temperatura e pode ter sido influenciado somente pelas interações sociais. A postura não variou em função da temperatura e aquelas que resultavam em menor perda de calor para o meio foram predominantemente adotadas. Isso, provavelmente, devido ao porte pequeno da espécie (elevada razão superfície/volume) que contribui para maior perda de calor nas baixas temperaturas registradas. Conclui-se que os sauás apresentam variação comportamental em função da temperatura ambiental quanto à escolha de micro-hábitats e padrão de locomoção e forrageio.

ASSUNTO(S)

corpo - temperatura - regulação micro-habitat primatas - ecologia body temperature primates primates microhabitat primates

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