Influência da fluoxetina sobre a resposta imuno-inflamatória relacionada à doença periodontal / Effects of fluoxetine on immunoinflammatory responses associated with periodontal disease

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A fluoxetina é um droga inibidora seletiva da recaptação de serotonina que apresenta propriedades imunomoduladoras e antiinflamatórias. O objetivo desse estudo foi avaliar os efeitos da fluoxetina sobre a resposta imuno-inflamatória relacionada à doença periodontal (DP). In vitro, avaliou-se a influência da fluoxetina sobre a capacidade das células dendríticas (DCs) em apresentar antígeno aos linfócitos T. As DCs foram obtidas da medula óssea de camundongos C57BL/6 e diferenciadas utilizando-se GM-CSF (20 ng/mL). As DCs foram tratadas com a fluoxetina (concentrações: 0,01, 0,1 ou 1 ?M) para análise da produção de citocinas e quimiocinas, bem como da expressão de MHC-II e moléculas co-estimuladoras (CD80, CD86, PD-L1, ICOS-L) aos linfócitos T, utilizando-se ensaios de ELISA e citometria de fluxo respectivamente. Culturas de DCs e linfócitos T reativos ao Aggregatibacter actinomycetemcomitans (×Aa-T) foram utilizadas para avaliação de proliferação/ativação de linfócitos T. A desipramina, um inibidor seletivo da recaptação de norepinefrina, também foi incluída nos ensaios in vitro para comparação. In vivo, avaliou-se os efeitos da fluoxetina sobre a resposta inflamatória e a destruição tecidual utilizando-se modelo de DP induzida por ligadura. Ratos Wistar machos (SPF) foram submetidos à colocação de ligadura em torno dos primeiros molares inferiores e divididos em 3 grupos experimentais (n=10 animais/grupo): 1) ratos sem ligadura e sem tratamento (grupo controle); 2) ratos com ligadura e tratados com solução salina (grupo ligadura); 3) ratos com ligadura e tratados com a fluoxetina (20 mg/kg/dia, grupo ligadura + fluoxetina). Análises de reabsorção óssea na região de furca (lâminas coradas com H&E) e de colágeno no tecido conjuntivo da mesial dos primeiros molares (coloração de picrosirius) foram realizadas nos ratos submetidos a 15 dias de indução da DP. Tecidos gengivais de ratos submetidos a 3 dias de indução da DP foram submetidos às seguintes análises: expressão de IL-1?, COX-2, MMP-9 e iNOS utilizando-se RT-PCR e atividade da MMP-9 utilizando-se zimografia. Como resultados, a fluoxetina diminuiu a produção de IL-12, IL-1?, TNF-?, RANTES e MIP-1??pelas DCs estimuladas com LPS (P <0,05, ANOVA, teste t de Student), bem como diminuiu significativamente a expressão de ICOSL. Além disso, reduziu a proliferação de ×Aa-T estimulados com Aa pelas DCs. A serotonina (5- HT) aumentou a proliferação de ×Aa-T, indicando que os efeitos da fluoxetina são independentes da 5-HT. A desipramina apresentou perfil semelhante à fluoxetina nos ensaios in vitro. No estudo in vivo, a fluoxetina reduziu a perda óssea em região de furca quando comparada ao grupo ligadura (P <0,05 ANOVA, teste t de Student) e manteve a porcentagem de fibras colágenas com níveis similares ao grupo controle (P >0,05). Ainda, a fluoxetina reduziu a expressão de IL-1??e COX-2 e a atividade da MMP-9 quando comparada ao grupo ligadura (P <0,05). Em conjunto, os dados demonstram que a fluoxetina diminuiu a capacidade de apresentação de antígeno das DCs, bem como a resposta inflamatória, a reabsorção óssea e a perda de colágeno na DP, indicando que ela pode constituir uma abordagem terapêutica promissora como moduladora da resposta do hospedeiro na DP

ASSUNTO(S)

doenças periodontais células dendríticas inflamação reabsorção óssea periodontal diseases dendritic cells inflammation bone resorption

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