Influencia da arquitetura de ramos vegetativos e inflorescencias na distribuição de aranhas em plantas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

A arquitetura de ramos constitui um dos principais fatores que podem influenciar a diversidade e a abundância de aranhas que habitam plantas. Neste estudo, a abundância de aranhas foi comparada entre sete espécies de plantas arbustivas abundantes numa área de cerrado na Reserva Ecológica do Panga à 40km de Uberlândia, Minas Gerais. A numero médio de aranhas por ramo foi positivamente relacionada com a complexidade estrutural dos ramos, descrita como número de folhas por unidade de volume do ramo. A composição de famílias e a distribuição do tamanho corporal de aranhas foram comparadas entre os ramos vegetativos de Baccharis dracunculifolia, Diplusodon virgatus e Bidens gardneri que possuiam diferentes níveis de complexidade estrutural. A distribuição do tamanho corporal foi similar entre as três espécies de plantas, no entanto a frequência relativa das famílias de aranhas diferiu entre elas. Oxyopidae e Salticidae ocorreram com mais frequência em B. dracunculifolia e Anyphaenidae foi a família mais abundante nas outras duas espécies que possuiam uma menor número de folhas por unidade de volume do ramo. A abundância de aranhas foi comparada entre inflorescências e ramos vegetativos de quatro espécies de plantas: Microlicia helvola, B. dracunculifolia, D. virgatus e B. gardneri. O estado fenológico das plantas influenciou a abundância total e distribuição de famílias de aranhas, sendo que um maior número de aranhas foi registrado em inflorescências naturais e artificiais. Membros das famílias Anyphaenidae, Salticidae e Thomisidae ocorreram preferencialmente em inflorescências naturais quando comparadas aos ramos vegetativos. Inflorescências artificiais dispostas em Baccharis dracunculifolia (Asteraceae) foram colonizadas por diferentes famílias de aranhas ao longo do ano. As inflorescências como habitat favorável para estes predadores é discutido em termos da disponibilidade de presas e refúgios e predação interespecífica. A distribuição de tamanhos de aranhas diferiu entre o tratamento e o controle. Aranhas maiores foram mais frequentes em inflorescências artificiais do que em ramos vegetativos. Além disto, a distribuição de tamanhos foi dependente de densidade em inflorescências, mas não em ramos vegetativos. Aranhas maiores ocorreram preferencialmente em inflorescências com baixa densidade, o que corrobora a hipótese de que aranhas devem estabelecer territórios apenas em microhabitats favoráveis. A abundância de aranhas foi comparada entre inflorescências de 14 espécies de plantas. O número de flores abertas e o tamanho da flor foram os principais fatores na determinação da abundância total de aranhas em inflorescências, enquanto variáveis como complexidade estrutural e tamanho contribuíram para explicar a frequência das diferentes famílias nas inflorescências naturais. Os salticídeos foram mais abundantes em inflorescências com maior número total de flores, enquanto membros das famílias Anyphaenidae, Clubionidae e Oxyopidae foram mais comuns em inflorescências maiores e com o maior número de flores abertas. A abundância de tomisídeos foi correlacionada com o tamanho das flores. O efeito da cor, analisado separadamente através de experimentos usando inflorescências artificiais em B. dracunculifolia, foi significativo na determinação da abundância das famílias Anyphaenidae e Thomisidae, enquanto a forma da inflorescência (umbela vs. espiga) contribuiu para explicar a distribuição de Anyphaenidae e Clubionidae. O tamanho da flor, expresso através de seu diâmetro, influenciou a distribuição de tama,nho de aranhas presentes em inflorescências naturais e artificiais; aranhas de maior porte ocorreram com mais frequência em inflorescências compostas de flores de maior diâmetro. Este estudo mostrou que diferenças na estrutura de inflorescências podem determinar a composição em famílias de aranhas que visitam flores, o que poderia influenciar indiretamente a dinâmica de populações de plantas através do impacto causado na comunidade dos insetos fitófagos

ASSUNTO(S)

interação inseto-planta aranha

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