Infecções por ancilostomídeos e Schistosoma haematobium e sua correlação com a concentração sanguínea de hemoglobina em crianças moçambicanas

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014-06

RESUMO

Este estudo tem como objetivo avaliar a relação entre a ancilostomíase e a esquistossomíase urinária com as concentrações sanguíneas de hemoglobina em crianças escolares no norte de Moçambique. Em estudo transversal, 1.015 crianças com idade entre cinco e 12 anos foram incluídas, nas Províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa. A ancilostomíase e a esquistossomíase urinária foram diagnosticadas através das técnicas de Ritchie e de filtração da urina, respectivamente; prevalências de 31,3% e 59,1% foram observadas. As concentrações sanguíneas de hemoglobina foram obtidas com um fotômetro portátil (Hemocue). A concentração média de hemoglobina foi 10,8 ± 1.42 g/dL, 62,1% das crianças apresentaram concentração abaixo de 11,5 g/dL e 11,8% apresentaram nível abaixo de 9 g/dL. A regressão linear múltipla demonstrou interações negativas entre os níveis de hemoglobina e i) a infecção por ancilostomídeos (β = -0,55; p < 0,001) e ii) a esquistossomíase urinária (β = -0,35; p = 0,016), ambas associações restritas à Província de Cabo Delgado. Também em Cabo Delgado, o modelo de regressão logística demonstrou que a infecção por ancilostomídeos representa um preditor de anemia leve (OR = 1,87; 95% CI = 1,17-3,00) e anemia moderada/grave (OR = 2,71; 95% CI = 1,50 - 4,89). O estudo conclui que em Cabo Delgado, Moçambique, as infecções por ancilostomídeos e Schistosoma haematobium estão significativamente associadas a uma menor concentração sanguínea de hemoglobina em crianças em idade escolar. A administração periódica de anti-helmínticos deve ser feita regularmente. Melhorias na infraestrutura sanitária das regiões estudadas são as medidas mais eficazes para controle destas parasitoses.

Documentos Relacionados