Infância e violência física intrafamiliar: Os significados e sentidos para crianças vítimas
AUTOR(ES)
LORENA ANDRÉA DA COSTA
DATA DE PUBLICAÇÃO
2004
RESUMO
Com o objetivo de compreender os significados e sentidos, para crianças vítimas de violência física intrafamiliar, de viverem submetidas à violência, procedeu-se a uma breve revisão, de caráter histórico, sobre a violência contra criança, revendo as concepções de infância, desde a Idade Média até a Idade Contemporânea. Na pesquisa foram levantadas as ocorrências registradas na Delegacia de Investigação de Crimes Contra Crianças e Adolescentes, para uma melhor visualização do fenômeno em Goiânia e, posteriormente, foram escolhidas entre essas ocorrências, sete crianças a serem entrevistadas, sendo três do sexo feminino e quatro do sexo masculino. A metodologia fundamentou-se na abordagem sócio-histórica proposta por Vigotski. Tomando as categorias criança e violência física intrafamiliar, consideradas em sua historicidade, buscou-se compreender a partir da fala das crianças, os significados e sentidos da violência vivida por elas. Essas categorias foram estudadas em associação com outras como adultocentrismo e hierarquia de poder, percebidas como algo natural no interior das famílias e na sociedade de forma geral, apesar da proteção legal representada pelo ECA. A violência intrafamiliar produz uma singularidade do relacionamento familiar e das referências culturais da criança, uma vez que a família perde seu lugar privilegiado de instituição socializadora e protetora, e a convivência entre seus membros também perde seu sentido original, passando a reforçar os valores do patriarcalismo e da inferioridade da infância, que leva as crianças a viver em um ambiente de medo e insegurança. Embora o sofrimento seja demonstrado a cada momento, como a família é um lócus de proteção estabelecido culturalmente, as crianças têm sonhos e esperanças de um futuro mais digno, sempre relacionado a uma possível democracia familiar. A violência física intrafamiliar contra crianças é inerente, portanto, aos conceitos e às regras sociais que norteiam a prática do agressor e de sua família, e nela se explicita a relação entre o individual e o social, na medida em que a família integra as condições e a lógica que produzem a violência. O que se busca na realização de pesquisas nessa área, através da epistemologia qualitativa, é encontrar formas que contribuam tanto para a prevenção da violência, quanto para a elaboração de propostas psicossociais de trabalho voltadas para as famílias, visando a garantia de desenvolvimento emocional e físico saudável para as crianças de forma geral.
ASSUNTO(S)
psicologia infantil crianÇa maltratada violÊncia fÍsica violÊncia familiar psicologia
ACESSO AO ARTIGO
http://tede.biblioteca.ucg.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=242Documentos Relacionados
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