INFANCIA CLANDESTINA OU A VONTADE DA FÉ

AUTOR(ES)
FONTE

Alea

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015-12

RESUMO

Resumo Este artigo discute como o filme Infancia clandestina (2012), de Benjamín Ávila, marca uma virada na representação cinematográfica da ditadura de 1976-1983, na Argentina. Por um lado, este filme se distancia de trabalhos de ficção como La historia oficial, de Luis Puenzo, regulado pelo arquivo e pelas evidências testemunhais e documentais disponíveis para o espectador para além do filme; por outro lado, a produção de Ávila não apenas inclui uma figura ausente nos filmes sobre o período feitos imediatamente após a ditadura, denominada guerrilheiro, mas também a desloca da verificação referencial demandada pelo testemunho e pela experiência autobiográfica da primeira pessoa para uma verificação que expressa - com a articulação imanente das unidades narrativas próprias da ficção - uma fábula de identidade comunitária sobre o passado histórico. Enquanto o mesmo poderia ser dito sobre documentários subjetivos mais recentes, centrados em um ponto de vista (aquele dos filhos de desaparecidos, que cresceram com uma biografia inventada) caracterizado pelo apagamento dos limites entre fato e ficção, como Los rubios, de Albertina Carri, ou M, de Nicolás Prividera, Infancia clandestina permanece isolado como um trabalho de ficção que, ao contrário desses filmes, abandona completamente o gênero documental. Finalmente, o artigo sugere que a alegorização do passado histórico em Infancia clandestina é tão poderoso que consegue subsumir numa narração ficcional o trauma da experiência dos anos da ditadura. O que se discute, portanto, não é a memória dessa narração, mas os modos e o valor dessa construção simbólica.

ASSUNTO(S)

infancia clandestina argentina ditadura guerrilha filhos de desaparecidos construção simbólica documentário ficção

Documentos Relacionados