“Imposto é Roubo!” A Formação de um Contrapúblico Ultraliberal e os Protestos Pró- Impeachment de Dilma Rousseff

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DATA DE PUBLICAÇÃO

23/09/2019

RESUMO

RESUMO O objetivo deste artigo é apontar o papel desempenhado pelo contrapúblico ultraliberal na convocação e direção dos primeiros protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff. Para tanto, procurei apontar a pertinência da utilização do conceito de contrapúblico para caracterizar as dinâmicas que perpassavam os integrantes de grupos e espaços de debate relacionados ao ultraliberalismo. A partir de uma triangulação de dados empíricos, foi realizada uma reconstrução histórica, bem como demonstrada a existência de um contrapúblico ultraliberal com base no conteúdo de entrevistas em profundidade com militantes. Conclui-se que a reunião precoce desse grupo, na internet, deu início à formação de um contrapúblico ultraliberal calcado na existência de uma identidade coletiva por parte de seus membros. A permanência e institucionalização de tal contrapúblico foi facilitada pelo suporte organizacional e financeiro de uma rede pré-existente de think tanks liberais no país, possibilitando que seus membros pudessem convocar e liderar os primeiros protestos pró- impeachment de 2014. Isso se deu em virtude de mudanças na estrutura de oportunidades políticas relacionadas às revoltas de Junho de 2013 e à reeleição de Dilma Rousseff em 2014.ABSTRACT The goal of this article is to point out the role played by the ultraliberal counter-public in calling and directing the first protests for Dilma Rousseff´s impeachment. In order to do so, I tried to stress the relevance of using the concept of counter-public to characterize the dynamics that permeated the experiences of members of organizations and other spaces of debate related to ultraliberalism. After a triangulation of empirical data, a historical reconstruction was performed, and the existence of an ultraliberal counter-audience was proven by the content of in-depth interviews with militants. It can be concluded that the early establishment of this group on the internet started the creation of an ultraliberal counter-public based on the existence of a collective identity shared by its members. The permanence and institutionalization of such counter-public were facilitated by the organizational and financial support of a pre-existing network of liberal think tanks in the country, enabling its members to convene and lead the first pro-impeachment protests of 2014. This was due to changes in the structure of political opportunities related to the Brazilian June 2013 uprisings and Dilma Rousseff’s reelection in 2014.

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