Implantação de cisternas para armazenamento de água de chuva e seus impactos na saúde infantil: um estudo de coorte em Berilo e Chapada do Norte, Minas Gerais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2012

RESUMO

O Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) já beneficiou mais de 400 mil famílias brasileiras com a construção de cisternas de placa que permitem armazenar, cada uma, 16.000 litros de água de chuva. Apesar dos benefícios relatados por seus usuários, poucos estudos foram desenvolvidos para elucidação das consequências desse Programa sobre a saúde da população. Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho foi avaliar o impacto da implantação dos sistemas de captação de água de chuva na saúde das crianças de famílias rurais, residentes em dois municípios do Médio Vale do Jequitinhonha, MG. Para isso, um estudo epidemiológico, do tipo coorte concorrente, foi desenvolvido com 664 crianças de até cinco anos, selecionadas e acompanhadas pelo período de um ano (entre 2009 e 2010). Na época, 332 crianças possuíam acesso às cisternas para armazenamento da água de chuva (Grupo 1) e 332 eram dependentes de outras fontes de água alternativas (Grupo 2). Em 100 domicílios (50 de cada grupo) a qualidade microbiológica da água consumida por seus habitantes foi avaliada em três etapas. Dois indicadores de saúde também foram analisados: ocorrência de diarreia (monitorada diariamente por meio do preenchimento de calendários) e de parasitas intestinais (investigados nas fezes em três etapas). Para as 256 amostras de água analisadas a presença de coliformes totais e de Escherichia coli foi detectada, respectivamente, em 94 e 66% das vezes. Ao comparar os dois grupos, os testes estatísticos indicaram que a presença das cisternas não melhorou a qualidade da água consumida pelos beneficiados, o que foi coerente com os comportamentos de risco observados para os participantes de ambos os grupos. Sobre as parasitoses intestinais, foram detectados maiores percentuais de protozoários comensais e patogênicos, em detrimento dos helmintos. As análises multivariadas confirmaram o efeito protetor das cisternas para a ocorrência de protozoários patogênicos (OR= 1,42 para o Grupo 2; p= 0,02) e especificamente por Giardia (OR= 1,63 para o Grupo 2; p= 0,02). Todavia, outros fatores de risco independentemente associados com esses desfechos também foram detectados. A média de dias de diarreia foi de 2,29 e 3,41 para crianças dos Grupos 1 e 2,respectivamente. Para esse indicador, novamente o efeito protetor oferecido pela presença das cisternas foi comprovado (Exp()= 1,45 para o Grupo 2; p= 0,04). Portanto, o presente trabalho constatou os benefícios à saúde advindos da presença das cisternas, mas também detectou a necessidade de investimentos em outras ações do saneamento básico e estímulo dentre as famílias para a prática de hábitos mais saudáveis e emprego de barreiras sanitárias, que possam minimizar ainda mais os riscos à saúde das populações rurais com dificuldades para acesso à água.

ASSUNTO(S)

engenharia sanitária teses. cisternas teses. Água qualidade teses. saneamento teses.

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