Impasses da psicologia contemporânea: por uma clínica da singularização

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

As reflexões desenvolvidas visam discutir alguns impasses da psicologia contemporânea. O presente trabalho, através do desenvolvimento de um estudo teórico, procura problematizar a prática clínica em psicologia enquanto prática social implicada com a produção de subjetividade. Retomando aspectos pertinentes ao momento histórico-social em que a psicologia emerge, é possível desconstruir a noção dominante de uma prática clínica naturalizada e explicitar seu caráter processual em construção concomitante com o social. A desnaturalização da concepção de clínica isolada do contexto social no qual atua, inaugura a possibilidade desta ser pensada enquanto prática em permanente construção e como tal, aberta à criação. A partir de questionamentos acerca do tipo de formação que é oferecida nos cursos de psicologia, busca-se pensar em que medida o jovem terapeuta que inicia a vida profissional, reconhece a relação existente entre psicologia clínica e práticas sociais. Entende-se aqui que o terapeuta se encontra ética e politicamente comprometido com a sociedade em que vive, pois sua atuação está diretamente implicada com os valores e modos de vida que são afirmados através de sua prática. Nesse sentido, são utilizados recortes de sessões de diferentes referenciais teórico-metodológicos, com a finalidade de analisar como uma atuação acrítica do terapeuta pode instrumentalizar atravessamentos presentes na situação clínica de forma a impedir que os movimentos de transformação engendrados no processo terapêutico ganhem forma. Esse tipo de atuação bloqueia a processualidade imanente à vida em nome da reprodução de modelos e da manutenção do instituído. Sempre houve na história dos saberes psi tensões permanentes entre práticas normativas, que operam a manutenção do hegemônico e práticas transformadoras, que buscam romper com o instituído e abrir novos caminhos por onde a psicologia possa transitar. O percurso teórico deste trabalho vai em direção à construção de uma perspectiva terapêutica que possa compreender a clínica como espaço aberto à experimentação de modos de vida singulares. Uma proposta clínica nesses moldes exige do terapeuta um comprometimento ético e político. Ético no sentido de adotar uma postura voltada para o acolhimento da diferença como forma de enfrentar a alteridade presente no encontro com o paciente, e política porque seu trabalho deve ser em prol da instituição de uma prática capaz de dar sustentação para a articulação dos processos de singularização

ASSUNTO(S)

ética psicologia práticas clínicas processualidade política processos de singularização modos de vida produção de subjetividade psicologia clínica

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