Impacto da transfusão de eritrócitos no transporte e no metabolismo de oxigênio em pacientes com sepse e choque séptico: uma revisão sistemática e metanálise

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. ter. intensiva

DATA DE PUBLICAÇÃO

2021-01

RESUMO

RESUMO Considera-se que a transfusão de eritrócitos melhora a respiração celular durante o choque séptico. Contudo, seu impacto agudo no transporte e no metabolismo de oxigênio nessa condição ainda é amplamente debatido. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto da transfusão de eritrócitos na microcirculação e no metabolismo do oxigênio em pacientes com sepse e choque séptico. Conduzimos um levantamento nas bases de dados MEDLINE®, Elsevier e Scopus. Incluímos estudos realizados com seres humanos adultos com sepse e choque séptico. Realizamos uma revisão sistemática e metanálise com utilização do modelo de efeitos aleatórios de DerSimonian e Laird. Consideramos significante valor de p < 0,05. Incluíram-se na análise 19 manuscritos, correspondentes a 428 pacientes. As transfusões de eritrócitos se associaram com aumento de 3,7% na média combinada de saturação venosa mista de oxigênio (p < 0,001), diminuição de razão de extração de oxigênio de -6,98 (p < 0,001) e nenhum efeito significante no índice cardíaco (0,02 L/minuto; p = 0,96). Obtiveram-se resultados similares em estudos que incluíram mensurações simultâneas de saturação venosa mista de oxigênio, razão de extração de oxigênio e índice cardíaco. As transfusões de eritrócitos levaram a aumento significante na proporção de pequenos vasos perfundidos (2,85%; p = 0,553), enquanto os parâmetros de oxigenação tissular revelaram aumento significante no índice de hemoglobina tissular (1,66; p = 0,018). Estudos individuais relataram melhoras significantes na oxigenação tissular e nos parâmetros microcirculatórios sublinguais em pacientes com microcirculação alterada na avaliação inicial. A transfusão de eritrócitos pareceu melhorar o metabolismo sistêmico de oxigênio com aparente independência de variações no débito cardíaco. Observaram-se alguns efeitos benéficos para a oxigenação tissular e parâmetros microcirculatórios, em particular em pacientes com alterações iniciais mais graves. São necessários mais estudos para avaliar seu impacto clínico e individualizar as decisões relativas à transfusão.

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