Identificação de características relacionadas à mortalidade infantil utilizando a descoberta de conhecimento em base de dados de saúde pública

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Os dados armazenados nos Sistemas de Informação de Saúde (SIS) no Brasil são muitas vezes subutilizados por várias razões, dentre as quais a dificuldade em analisar o seu grande volume. Neste trabalho buscou-se identificar características relacionadas à mortalidade infantil, a partir da utilização de uma base gerada com a integração dos dados de três SIS oficiais (de Nascidos Vivos - SINASC, de Mortalidade - SIM e de Investigação de Mortalidade Infantil - SIMI). O procedimento metodológico adotado foi a Descoberta de Conhecimento em Base de Dados (KDD) e, dentro deste, a Mineração de Dados (DM) foi a técnica utilizada para o estabelecimento de padrões de comportamento dos dados nesta nova base com os óbitos infantis analisados pelos Comitês de Prevenção da Mortalidade Infantil no Estado do Paraná, de 2000 a 2004. Para a integração dos três SIS, partiu-se de 9372 casos de óbitos analisados no SIMI, 14164 óbitos infantis do SIM e 801077 nascidos vivos do SINASC, gerando 7256 casos analisados na nova base. Utilizou-se o algoritmo classificador C4.5 da ferramenta Waikato Environment for Knowledge Analysis (WEKA). Os atributos meta, a partir dos quais foram gerados padrões do que estava relacionado a esta característica escolhidos foram: a evitabilidade dos óbitos e a alteração da causa do óbito na declaração de óbito e após as análises dos Comitês. No DM quando o atributo meta foi a evitabilidade foram geradas 441 regras, sendo 78% classificadas corretamente, com precisão de 83% para identificação dos óbitos evitáveis e 62% para os inevitáveis. A sensibilidade alcançada foi de 80% para a identificação dos óbitos evitáveis. A especificidade foi de 62% para identificação dos inevitáveis. Com uma taxa de erro de 12% para os evitáveis e 44% para os inevitáveis. Quando o atributo meta foi a alteração da causa do óbito atribuída na declaração de óbito e após as análises dos Comitês, foram geradas 162 regras. Em 58% dos casos houve alteração da causa básica originalmente atribuída na declaração de óbito, sendo que 88% das regras foram classificadas corretamente, com precisão de 93% e sensibilidade de 88%, especificidade de 49% e taxa de erro igual a zero em 7 regras e 3% em 3 regras que foram avaliadas pelos especialistas em epidemiologia da mortalidade infantil. Três regras foram consideradas relevantes: se a mãe era adolescente e o peso ao nascer entre 2500 e 3500g, então óbito perinatal seria esperado. Se a mãe era adolescente e tinha escolaridade entre 4-7 anos, então desconforto respiratório e óbito eram esperados. Se o peso ao nascer era <2500g com 41 semanas de gestação e presença de afecções maternas, então óbito <30 dias era esperado. Tais resultados sugerem a necessidade dos serviços de saúde de estabelecerem medidas de maior atenção às adolescentes, às crianças com peso ao nascer <2500g, as que nascem depois de 41 semanas e as com as mães com afecções maternas. A integração de bases de dados demonstrou ser importante para conhecer melhor a mortalidade infantil, podendo ser estendida a outros Sistemas de Informação em Saúde Pública. O KDD mostrou ser pertinente e adequado para utilização em Saúde Pública, visto que confirmou as características da mortalidade infantil com as existentes na literatura.

ASSUNTO(S)

engenharia medica engenharia biomédica mortalidade infantil sistemas de recuperação da informação saúde pública - brasil

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