Identidade social e desinstitucionalização: um estudo sobre uma localidade que recebe residências terapêuticas no Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Saude soc.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015-03

RESUMO

As residências terapêuticas (RTs) constituem importantes dispositivos no cuidado em saúde mental. Contudo, as resistências das comunidades à sua implantação se constituem como dificuldade para sua consolidação. No sentido de analisar essa realidade, o estudo discute as concepções sociais sobre a convivência com RTs partindo da visão de habitantes de um conjunto residencial que recebe três RTs. Por meio de perspectiva etnográfica, foram realizadas entrevistas e observações. As RTs foram representadas como locais seguros, exercendo controle sobre seus moradores e desempenhando o papel do hospital psiquiátrico. Além disso, a presença das RTs naquela vizinhança possibilitou a classificação Conjunto dos Doidos estabelecida pelo Pessoal de fora, pondo em risco a identidade social dos habitantes do local. Foi observada uma tendência à diferenciação intergrupal na relação entre habitantes do conjunto residencial e os moradores das RTs, podendo ser compreendida como uma necessidade decorrente do processo de identidade social. Antigos signos associados à loucura foram observados, mas foram desfeitos a partir do convívio cotidiano com os moradores das RTs, o que pode ser um aspecto positivo a ser destacado. Mesmo com a tendência à separação das RTs, como observado neste estudo, existe um movimento que, baseado na experiência concreta de vida com as RTs na vizinhança, aponta para a possibilidade da coexistência sem maiores conflitos entre os grupos envolvidos, ilustrando a ambiguidade das relações e a necessidade de mais estudos, uma vez que, no contexto da convivência com RTs, não tem fórmula de bolo para isso como as pessoas pensam.

ASSUNTO(S)

psicologia social saúde mental desinstitucionalização grupo social etnografia

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