HISTORY AND MYTH IN CADA HOMEM É UMA RAÇA, DE MIA COUTO / HISTÓRIA E MITO EM CADA HOMEM É UMA RAÇA, DE MIA COUTO

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O objeto deste trabalho são os contos de Cada homem é uma raça, do escritor moçambicano Mia Couto, cuja obra é marcada pela confluência de elementos díspares. Suas narrativas apresentam, de uma parte, um fundo histórico, em que figuram episódios relacionados à independência e à guerra civil moçambicana; de outra parte, ocorre a presença acentuada de elementos insólitos, relativos ao mito e ao imaginário. Além disso, existem dois mundos diferentes: o do europeu colonizador e o do africano colonizado. Procurou-se descobrir qual o lugar e a função das dualidades presentes de maneira muito marcada nos textos. Para isso, partiu-se de uma consideração dos contos a partir do estranhamento provocado pelo seu caráter ambivalente. Realizou-se uma análise detalhada das narrativas, e apontou-se uma possibilidade de interpretação, com base em teorias que tratam do comportamento das comunidades diante de situações de dominação e opressão. Foi possível perceber que as formulações ambivalentes se encontram nos três níveis principais (da narração, das personagens, da linguagem), configurando recursos (semelhantes aos do realismo maravilhoso latino-americano) que funcionam como táticas de resistência cultural. Isso pode ser observado, com relação às personagens, nos modos de pensar e agir astuciosos; quanto à narração, na maneira como, em uma estrutura narrativa consagrada no Ocidente, são introduzidos elementos de outra ordem cultural; no que se refere à linguagem, no uso de um instrumento outro (a Língua Portuguesa), ou antes, de um espaço alheio, para expressar uma condição própria. Desse modo, a ficção de Cada homem é uma raça funcionaria como um modo de resistência a um pensamento hegemônico e opressor.

ASSUNTO(S)

letras, história, narrativa, mito letras

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