Hilda Hilst e o canto amoroso em mitos, imagens e símbolos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O objetivo desta pesquisa é investigar, no canto amoroso de Hilda Hilst (1930-2004), a maneira como os mitos, imagens e símbolos configuram a condição de um Eu que lamenta a incompletude e a consciência de sua fragmentação diante de um Outro. Esse Outro é visto como a metade que falta ao Eu, uma metade que, durante o chamamento amoroso, revela-se esquiva ou ausente. É percebido, na interpretação dos cantos, o desejo pelo qual o Eu se veste com vista a enlaçar o Outro e inverter sua condição primeira de descontinuidade. O desejo é expresso nos cantos amorosos em linguagem simbólica e imagética, e os mitos de incompletude explicam que o amor é a via pela qual as metades, fragmentadas do estado original duplo, tendem a se unir. O mito se empenha na elucidação simbólica acerca da condição humana como um todo, e a incompletude amorosa insere-se nessa condição. Dessa maneira, é observada na poética hilstiana a latente relação mitopoesia. Ambos, através da linguagem imagética a eles inerentes, revigoram os arquétipos representativos do inconsciente coletivo. Para analisar o canto do desejo pelo que falta foram escolhidas as obras Júbilo, memória, noviciado da paixão (2001) e Cantares (2002). Essas obras revelam uma poética cuja intensidade as particulariza das demais produções líricas da autora, uma vez que a voz lírica canta as núpcias em imagens e símbolos representativos de um ardente desejo de união Eu-outro. As imagens e símbolos interpretados nos seis poemas selecionados do corpus desvelam as forças inconscientes da casa, da melodia, da morte, do pensar, do tecer e da viagem. A dissertação é desenvolvida em quatro capítulos, donde é investigada, nos poemas, a presença latente dos mitos de Ariadne e Dionísio, Eco e Narciso, Orfeu e Eurídice, Eros e Psique, Tanatos e a morte em significação invertida, Ceres e a fertilidade, Perséfone e o conflito entre claro e escuro, Tântalo e a condenação à não-realização dos desejos, Penélope e a arte de tecer e, por fim, aquele que carrega a alma dos mortos, o barqueiro Caronte.

ASSUNTO(S)

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