Hidrogeoquímica do Fósforo no Estuário do Jaguaribe (CE) / Hidrogeoquímica of phosphorus in the estuary Jaguaribe (CE)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O sistema estuarino do Jaguaribe sofre modificações nas suas características hidroquímicas em função das atividades antrópicas, tais como açudagem, carcinicultura e a crescente urbanização, que promovem alterações na qualidade e quantidade de suas descargas para o oceano Atlântico. O presente estudo objetivou avaliar a distribuição espacial do fósforo presente na coluna dágua e no sedimento de superfície do estuário do Jaguaribe e a sua dependência das influências antropogênicas e da variabilidade hidroquímica sazonal. As coletas de água e sedimento foram realizadas em 5 estações ao longo do estuário, durante 3 campanhas amostrais, abrangendo as estações de seca (1 e 2 camp.) e chuva (3 camp.) da região. Os parâmetros pH, OD, %OD, T e Sal foram medidos in situ com multisonda portátil. A extração de fósforo total no sedimento seguiu a metodologia de Berner &Rao (1994). As frações de fósforo na água e no sedimento foram determinadas por espectrofotometria na região do visível, segundo Grasshoff et al. (1999). A clorofila a foi medida como sugerido por Jeffrey &Humphrey (1975) e a feofitina a segundo APHA (2001). A temperatura da água mostrou-se constante e com média de 29C0,5C, que favorece a evaporação. A salinidade variou entre as campanhas, respectivamente, de 29,5 a 35,1, 27,0 a 39,2 e 1,2 a 17,5, com os menores valores no estuário superior, onde as águas do rio diluem as águas marinhas. A concentração de OD revelou que as águas estuarinas são bem oxigenadas, com os teores médios de 6,3 mg.l-1, 5,2 mg.l-1 e 7,0 mg.l-1 (%OD: 98,8%, 79,5% e 94,9%), podendo ser considerado como ambiente saturado a supersaturado, segundo a classificação proposta por Macêdo &Costa (1978). O pH foi alcalino, com médias variando de 7,8 a 8,2 em todo o estuário, refletindo a influência do mar e o balanço hídrico negativo da região (evaporação>precipitação). A condutividade variou em média por campanha de 51,3 mS.cm-1, 55,0 mS.cm-1 e 12,6 mS.cm-1, que pode favorecer a floculação de minerais argilosos em suspensão no estuário. O MPS apresentou teores médios de 13,6 mg.l-1, 17,7 mg.l-1 e 30,3 mg.l-1, indicando forte dependência da sazonalidade climática da região. As frações de fósforo na água nas três campanhas variaram, respectivamente, de 0,2 a 3,8 μM, 2,0 a 5,3 μM e 3,7 a 6,7 μM para T-PO4; de 0,0 a 2,7 μM, 1,2 a 3,4 μM e 1,2 a 2,5 μM para D-PO4; e de 0,0 a 1,2 μM, 0,8 a 3,4 μM e 1,3 a 4,5 μM para Part-PO4, com os maiores valores associados com as entradas de fontes antropogênicas e, no caso do D-PO4, devido a maior influência fluvial. A Chl-a apresentou valores crescentes de 1,2-8,2 mg.m-3, 2,9-16,2 mg.m-3 e 9,5-17,4 mg.m-3, respectivamente, sendo a principal responsável pela absorção de fosfato na zona eufótica e caracterizando o estuário como eutrófico. A feofitina a variou entre a 2 e 3 campanha de 1,4 a 3,2 mg.m-3 e 2,0 a 10,5 mg.m-3, com os menores valores relacionados com a zona de mistura do estuário. A matéria orgânica presente nos sedimentos oscilou entre as campanhas de 0,0-0,1%, 0,0-1,0% e 0,0-0,4%, indicando uma área fonte no estuário médio. O P-Total no sedimento variou por campanha de 17,4-60,3 μgP.g-1, 18,0-202,0 μgP.g-1 e 14,3-134,3 μgP.g-1, com as maiores concentrações associadas a presença de sedimentos mais finos, característicos de zonas de mangue, e com as fontes pontuais de fósforo, como confirmam os dados da coluna dágua.

ASSUNTO(S)

estuary of jaguaribe estuário do jaguaribe oceanografia hidroquímica geochemistry of phosphorus hydrochemistry geoquímica do fósforo

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