Hepatite C em pacientes portadores de insuficiência renal crônica em hemodiálise : aspectos histológicos, bioquímicos e virológicos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Justificativa: O grau de progressão da doença hepática nos pacientes portadores de insuficiência renal crônica (IRC) em tratamento regular de hemodiálise não está definido. Existem poucos estudos na literatura, e aqueles que avaliaram histologia hepática apresentam resultados contraditórios. Objetivos: O objetivo desse estudo foi comparar os aspectos clínicos, bioquímicos e de histologia hepática dos pacientes em hemodiálise com aqueles com função renal normal. Material e Métodos: foi realizado um estudo caso-controle com 36 pacientes em hemodiálise e 37 pacientes com função renal normal. Os dois grupos apresentavam pesquisa do RNA do Vírus da hepatite C e foram emparelhados com relação a sexo, idade e tempo estimado de infecção. Além disso, foi realizado um estudo prospectivo para avaliar a taxa de progressão da fibrose hepática. Nos pacientes portadores de IRC em hemodiálise que não foram submetidos ao transplante renal num período de pelo menos 03 anos foi realizado uma segunda biópsia hepática e comparado com os achados histológicos da primeira. Resultados: Os pacientes infectados pelo VHC em hemodiálise apresentaram menores níveis de enzima hepática (alanina aminotransferase) e menor carga viral que os pacientes com função renal normal. A presença de qualquer grau de fibrose hepática pela classificação de Metavir foi significativamente mais freqüente nos pacientes com função renal normal (73%) quando comparados com aqueles em hemodiálise (47.2%; p<0.025). Da mesma forma, o grau de atividade inflamatória foi mais intenso nos pacientes com função renal normal (59.5%) do que naqueles em hemodiálise (27.7%; p=0.003). Na análise multivariada, a presença de atividade inflamatória grave com o único fator de risco para a ocorrência de fibrose hepática (p<0.001) e o risco de inflamação grave (Metavir graus 2-4) foi quatro vezes menor nos pacientes em hemodiálise (OR=0.23, p<0.004). Em nove pacientes em hemodiálise que permaneceram em hemodiálise, uma segunda biópsia foi realizada com intervalo médio de 66 meses (40-88). Houve progressão de pelo menos um ponto na escala de fibrose do sistema Metavir em três pacientes, com taxa de progressão direta de 0.15/ano. Conclusões: A menor atividade inflamatória tecidual hepática e bioquímica observada nos pacientes renais crônicos sugere que a hemodiálise e a uremia podem atuar como fator protetor na doença causada pelo vírus da hepatite C.

ASSUNTO(S)

biópsia hepática fibrose hepática insuficiência renal hepatite crônica c hemodiálise medicina

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