Helicobacter pylori e o idoso dispeptico : frequencia, aspectos clinicos, endoscopicos e histologicos : evolução da doença apos tratamento clinico

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Objetivo: Poucos são os trabalhos na literatura que abordam a dispepsia em pacientes idosos. Os objetivos deste trabalho foram: estudar a freqüência do H. pylori na população idosa com dispepsia funcional e ulcerosa; avaliar o comportamento clínico, aspectos endoscópicos e histotágicos do idoso; e, por, fim avaliar a evolução da doença após tratamento clínico. Métodos: Foram estudados pacientes no Ambulatório de Medicina Interna do Hospital Universitáriode Taubaté, no período de abril de 1999 e julho de 2001, por demanda espontânea. Os critérios de inclusão foram: pacientes acima de 60 anos com queixas dispépticas. Os critérios de exclusão foram: pacientes portadores de neoptasia gástrica, pancreatite crônica, doenças agudas relacionadas às vias biliares, hepatopatias crônicas e o uso de antibiótico 30 dias antes do início do estudo. Os pacientes foram submetidos a uma anamnese, e foram avaliados quanto às queixas dispépticas. Seguiram-se investigação diagnóstica por meio de exames Protoparasitológico (PPF), Ultra-som abdominal (USN) e Endoscopia disgestiva alta (EDA)associada à histologia. Após diagnóstico de infecção pelo H. pytori, foi proposto tratamento clínico com esquema triplice (Lansoprasol, Claritromicina e Amoxilina). Os pacientes que aceitaram fazer o tratamento foram seguidos mensalmente, para avaliação clínica, e realizaram uma segunda EDA de controle após 3 meses de tratamento, quando então se avaliou a evolução da doença do ponto de vista histotégico e da erradicação da bactéria. Resultados: Foram avaliados 211 pacientes com sintomas dispépticos, correspondendo a 5,9 % do total de consultas do ambulatório de Medicina Interna do Hospital Universitário; 104 preencheram os critérios de inclusão. A média de idade foi de 70,7 (DP ± 7,9 anos), variando entre 60 e 93 anos. 56,7% dos pacientes eram do sexo feminino. Na anamnese observou-se que a dor gástrica foi o principal sintoma em 66,3% do total dos casos. O PPF foi positivo em 12,5% dos idosos, e a presença do Ascaris lumbricoides foi de 8,7%. A coIicistopatia crônica calculosa foi detectada ao USN em 13,5%. Com relaçãoaos achados endoscópicos, observou-se que a pangastrite enantematosa foi um achado em todos os pacientes incluídos no estudo. As lesões pépticas foram vistas em 27,9%, e a úlcera gástrica, em 6,7%. Nos achados histológicos, observou-se a prevalência da gastrite crônica moderada, e a atrofia glandular, em 31,7% e metaplasia intestinal em 26%. O H. pylorifoi detectado em 68,3%. Ao avaliarmos a presença do H. pylori associado aos achados da anamnese e dos exames subsidiários, observamos que a dor epigástrica continuou sendo prevalente ao grupo, tanto com presença quanto com ausência da bactéria (63,7% e 65,7% respectivamente). Houve prevalência da associação de 3 sintomas para os dois grupos, correspondendo ao total( de 31,7% e com distribuição similar. A prevalência da positividade do PPF foi maior no grupo H. pylori negativo, fato que não ocorreu com achados de coIicistopatia crônica, cuja distribuição foi igual. Com relação aos achados endoscópicos, os dois grupos tiveram distribuição igual, quanto à presença de pangastrite enantematosa crônica, porém as lesões pépticas foram mais prevalentes no grupo H. pylori positivo (p <0,007), com destaque para as erosões antrais, em 40,8%. Na histologia, a inflamação da mucosa foi mais intensa nos pacientes com a presença da bactéria (92,9%), e 15,2% dos pacientes com HP negativo apresentaram estudo histolágico normal. Também a atrofia glandular foi mais prevalente nos pacientes portadores da bactéria (28,2%), enquanto a metaplasia teve distribuição semelhante para os dois grupos. Após tratamento, os pacientes tiveram uma melhora clínica inicial de 64,21%,que se manteve em 97,2, após 3 meses de tratamento. Na endoscopia, não houve melhora da inflamação e das lesões pépticas. Na histologia, porém, a gastrite moderada se tomou leve em 57%, e houve melhora da atrofia glandular. Conclusões: A freqüência do H. pylori nos idosos estudados foi semelhante àquela que ocorre em outros paises em desenvolvimento. Não houve manifestações clínicas específicas nos indivíduos com infecção pela bactéria, tampouco estes pacientes foram mais sintomáticos. Na EDA dos pacientes H. pylori positivo houve mais lesões pépticas, quando comparados com aqueles com ausência da bactéria. Também se constatou, nos indivíduos H. pylori positivo, um grau de gastrite mais intensa e prevalência de atrofia glandular do que naqueles com ausência da bactéria. O tratamento com esquema tríplice permitiu uma erradicação de 83,9% da bactéria. Também possibilitou caracterizar a evolução da doença, observou-se a melhora dos sintomas e da histologia com transformação da gastrite crônica moderada ativa em gastrite crônica leve ativa, assim como da atrofia glandular.

ASSUNTO(S)

idosos hilicobacter pylori dispepsia

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