Hannah Arendt e a abrangência do conceito de Banalidade do Mal

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/10/2011

RESUMO

Com esta dissertação, pretende-se ampliar a abrangência do conceito de Banalidade do Mal, um termo criado por Hannah Arendt para qualificar um Mal que não fora ainda detectado com uma forma própria e que ela observou no nazista Adolf Eichmann durante seu julgamento em Jerusalém em 1962. Ela o chamou de um Mal sem raízes, que é como um fungo na superfície. Localizou-o em uma não-pessoa, em alguém que não pensa, que não realiza o diálogo de mim-comigo-mesmo e age em heteronomia, sob uma determinação exterior à qual obedece sem se responsabilizar pessoalmente por suas conseqüências morais. Este conceito ajuda a elucidar a forma de agir dos totalitarismos da era moderna e a atitude daqueles que somente cumprem ordens, sem levar em conta a monstruosidade que elas podem trazer embutidas. A primeira condição para esta nova forma do Mal foi a transformação prévia do homem num puro animal laborans, dedicado quase que exclusivamente à sua sobrevivência como espécie. Transformado em coisa, em meio e não em fim em si mesmo, o homem adquiriu a condição de superfluidade da qual pode derivar a lógica do extermínio. A segunda condição foi a destituição da sacralidade do homem na modernidade. Com a morte de Deus, o homem se tornou simples coisa, passível de ser moldado, usado ou descartado. A terceira condição é o predomínio do processo no mundo atual, que tem uma dinâmica autônoma e independe do homem e de suas decisões. Zigmunt Baumann acrescentou à visão de Hannah Arendt uma nova compreensão dos mecanismos e motivos que podem resvalar para esta forma de Mal: a luta contra o indeterminado, o caótico e a ambivalência, com o objetivo de criar um mundo controlado e menos ameaçador. Porém, na luta contra a ambivalência, cria-se um caos ainda maior em torno a estas ordens que são construídas. Neste mundo em que se pretende impor a ordem de uma lei determinística ou de um projeto, o burocrata é o principal agente da Banalidade do Mal. A questão desta forma de Mal suscita a pergunta de quais meios dispomos para nos contrapormos a ela

ASSUNTO(S)

outras sociologias especificas hannah arendt banalidade do mal eichmann nazismo ambivalência banality of evil eichmann nazism ambivalence

Documentos Relacionados