Guerra do Paraguai: os caminhos da memória entre a comemoração e o esquecimento  / Paraguayan War: the memory paths between celebration and forgetfulness

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Em 01 de março de 1870 a Guerra do Paraguai estava terminada. Para conter o inimigo em suas fronteiras, o Brasil precisou mobilizar o Exército, a Guarda Nacional e criar corpos de Voluntários da Pátria. Durante cinco anos o cenário político e social se modificou e, raro era a família que não teve um filho, irmão, pai, esposo, parente ou amigo lutado no Paraguai. Terminada a campanha as tropas regressaram para o Brasil. Controvérsias entre o governo de D. Pedro II, a imprensa liberal e parlamentares da câmara e do senado, em relação à recepção das tropas no Brasil, provocaram acalorados debates. Tratava-se da disputa entre comemorar e esquecer. Nessa tese percorremos os caminhos da memória da Guerra do Paraguai e para isso transitamos pelas ruas embandeiradas da Corte e das capitais das províncias para narrar os festejos populares e oficiais na recepção dos servidores da pátria recebidos com regozijo, lágrimas, flores e poesias pela população que rendia homenagens aos filhos defensores da honra nacional. No dia 10 de julho de 1870, o governo de D. Pedro II realizou no Rio de Janeiro a festa oficial, a festa do barracão, para comemorar a vitória do Brasil e lembrar os mortos e assim encerrar um capítulo da história pátria que tantas vidas deixaram no solo Paraguaio. Assistimos do alto da tribuna parlamentar a disputa pela memória da guerra de onde Caxias e o Conde D´Eu protagonizaram essa disputa. Transitamos pelas ruas de Niterói, Salvador, Recife e São Paulo e do Desterro, onde soldados doentes e mutilados, egressos dos campos paraguaios, mendigavam, provocavam desordens públicas e davam-se em espetáculos. Nas províncias encontramos as viúvas e órfãos que em súplicas ao rei pediam o pão pela perda do arrimo de família. Nas secretarias do governo, nas salas dos presidentes de províncias e nas redações de importantes jornais, era grande o volume de ofícios e petições requerendo o pagamento de indenização ao governo. Veteranos da campanha reivindicavam soldos atrasados, lote de terras, empregos públicos, condecorações e títulos honoríficos. Nas prisões públicas encontramos ex-escravos reconduzidos ao cativeiro pelos seus senhores. Na ilha de Bom Jesus percorremos o suntuoso edifício do Asilo dos Inválidos, um lugar de ressentimento. Assim, a história que procuramos narrar, transita por dois caminhos: o da comemoração e o do esquecimento

ASSUNTO(S)

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