Gil Amâncio &Encontros: processos educativos, cultura negra, intervenções de mestres e convivência

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A população negra usufrui atualmente, no Brasil, de oportunidades de participação e intervenção social maiores do que em décadas anteriores. Isto é possível contando, no decorrer dos anos, com ações de denúncia de práticas racistas sub-reptícias endereçadas aos negros e reivindicações de garantia de usufruto de direitos de cidadania. A literatura informa que integrantes da população afro-brasileira vivem em contexto inibidor de suas expressões, mas que simultaneamente (com iniciativas deles, nas relações cotidianas) é palco da invenção de modos de negociação e afirmação de padrões identitários convenientes a eles. Tais estudos recomendam, então, registros de saberes, modos de viver, sob ótica positiva, realçando a contribuição do negro, do valor desta(s) cultura(s) e visão(ões) de mundo. A expectativa é de que tal produção ao ser socializada, por exemplo, via práticas educativas possibilite a entrada no cenário político-cultural de quadros imagéticos edificantes sobre dada população. Também, que como material simbólico útil seja apropriado por integrantes deste grupo para fins de equipagem e de imunização deles perante situações aversivas. Recorrendo à História de Vida, à estratégia da conversa, ao exercício de amplificação, interessada em investigar a resposta dada por subjetividades negras inseridas em contexto sócio-político referido, como estudo de caso, propus a configuração de trajetória de vida e obra de artista e educador negro, cosmopolita. Ocupei-me com suas proposições de idéias e projetos postos à prova, portanto, submetidos à avaliação pública e que receberam reconhecimento, inclusive, institucional. Como tese do campo da Educação, interessei-me por identificar quais as principais instituições e/ou espaços educativos ele freqüentou, o papel de educadores, o tipo de conexões estabeleceu com outros, e estratégias utilizou e utiliza para elaborar o presente patamar de visibilização coletiva alcançado. Trazendo como premissa que a apropriação de saberes (não exclusivamente científicos ou enciclopédicos) contribui, significativamente, para tal conquista, busquei verificar a pertinência dessa e características principais do tipo de saber apropriado. Encontrei que a sua formação, além de contar com o contexto familiar, foi constituída a partir de convivência, em espaços educativos, principalmente, não formais, com parceiros que lhe fizeram ocupar posições de aprendiz e também de guia. Ele defende a idéia de que saberes elaborados resultantes da prática de negros sejam respeitados em suas peculiaridades e codificados por especialistas para ampla socialização. No decorrer dos anos, identificando necessidades de mudanças, no cenário atual, ele investe na proposição e modos de realização de arte negra contemporânea. Também, visando garantir à população negra que seus saberes sejam publicizados através daquele que os domina, toma iniciativas para tal fim. Assim procedendo, ele se dispõe, sempre que possível em parceria, a investigar e catalogar o que denominou cultura do africano e, da criança. Saberes encontrados no Congado, na Capoeira, no Candomblé, no Jazz, no Samba, também, na roda, em brincadeiras infantis cultivadas principalmente entre negros etc. Apropriando-se das novas tecnologias da informação e comunicação, vem se tornando referência coletiva, como produtor cultural, em música eletrônica (Hip Hop), conjugando com estas produções culturais acima referidas.

ASSUNTO(S)

amâncio, gil (mestre) negros educação identidade racial historia de vida cultura educação teses

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