Gestão Autônoma da Medicação (GAM) como dispositivo de atenção psicossocial na atenção básica e apoio ao cuidado em saúde mental
AUTOR(ES)
Caron, Eduardo
FONTE
Saude soc.
DATA DE PUBLICAÇÃO
09/12/2019
RESUMO
Resumo Discute-se a construção de dispositivos para produção de atenção psicossocial, que são baseados na proposta de Gestão Autônoma da Medicação em Unidades Básicas de Saúde em São Paulo, onde foram constituídos grupos com base em cogestão e compartilhamento de experiências, formados por usuários de medicação psiquiátrica. Os trabalhadores moderaram esses grupos e participaram de oficinas de apoio semanais durante 15 meses. Este processo deu visibilidade a uma condição problemática complexa na qual se conjugam a crescente prescrição maciça de drogas psiquiátricas ao longo dos anos na atenção básica e a concentração da responsabilidade sanitária em saúde mental nos serviços de atenção especializada. A construção destes dispositivos permitiu uma produção comum de cuidado e de apoio fora do campo da medicalização, que desestabilizou barreiras à autonomia, postas pela verticalidade das práticas das equipes de saúde, pelas relações de dominação dos trabalhadores sobre os usuários e pelas relações de poder construídas em torno do saber especializado. O campo comum estabelecido por usuários e trabalhadores nestes processos coletivos tem ampliado a noção de apoio presente no campo da saúde pública brasileira.Abstract This study discusses the construction of devices for the production of psychosocial care, which are based on the proposal of Gaining Autonomy & Medication Management in Primary Health Units in São Paulo, where groups were formed based on co-management and sharing of experiences, formed by psychiatric medication users. Workers moderated these groups and attended weekly support workshops for 15 months. This process has given visibility to a complex problematic condition in which the increasing mass prescription of psychiatric drugs over the years in primary care and the concentration of health responsibility on mental health in specialized care services are combined. The construction of these devices allowed a common production of care and support outside the field of medicalization, which destabilized barriers to autonomy, posed by the verticality of health team practices, the workers’ domination relations over users and the power relations built around specialized knowledge. The common ground established by users and workers in these collective processes has broadened the notion of support in the Brazilian public health field.
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