Gerais a dentro e a fora: identidade e territorialidade entre Geraizeiros do Norte de Minas Gerais / Gerais a dentro e a fora: identidade e territorialidade entre Geraizeiros do Norte de Minas Gerais
AUTOR(ES)
Mônica Celeida Rabelo Nogueira
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Geraizeiros são chamados os camponeses da porção de Cerrado no Norte de Minas Gerais paisagem que teve grande parte de sua extensão convertida em maciços de eucalipto, a partir da década de 1970. O plantio empresarial de eucalipto implicou em expropriação de terras comunais e grande impacto ambiental, com a redução da oferta de água, frutos nativos, ervas medicinais e madeira - recursos estratégicos para reprodução física e social dos Geraizeiros. Em aliança com sindicatos de trabalhadores rurais, entidades ligadas à Igreja Católica, organizações não governamentais (ONGs) e redes socioambientais, como a Rede Cerrado, os Geraizeiros, hoje, reagem à violência sofrida, denunciam o caráter predatório do monocultivo de eucalipto e reivindicam o reconhecimento de seus direitos territoriais enquanto população tradicional. O presente estudo representa um esforço de interpretação desse processo. Advogo que a identidade e a territorialidade geraizeiras têm se transformado a partir dos confrontos com a monocultura de eucalipto, mas também com base nas novas interações sociais mobilizadas pelo grupo em diferentes escalas regional, nacional e internacional. A pesquisa pretendeu, assim, deslindar o processo de seleção de traços culturais que vêm sendo enfatizados e transformados em critérios de consignação ou de auto-identificação dos Geraizeiros como um grupo culturalmente particular e vinculado ao Cerrado de maneira especial e politicamente relevante. Pareceu-me ainda pertinente considerar a construção da própria categoria populações tradicionais como uma nova categoria englobante e genérica (e, desse modo, semelhante às categorias índio e quilombola), com potencial para propiciar processos de re-organização social da diferença cultural e de afirmação de direitos. Nesse sentido, interessou-me, sobretudo, compreender a agência dos Geraizeiros (como sujeitos de vontade e ação), que no processo de re-elaboração de sua identidade - agora, como uma população tradicional do Cerrado - lançam mão (ou apropriam-se) de novos elementos à disposição, para resignificar sua própria história e relações com a paisagem, atualizando fronteiras identitárias e territoriais.
ASSUNTO(S)
traditional populations identidade populações tradicionais environment: cerrado meio ambiente: cerrado territorialidade antropologia territoriality identity
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