Geoquímica de solo e geologia da região do depósito de ouro de Amapari-AP

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/07/2008

RESUMO

O deposito de ouro do Amapari, de propriedade da Mineracao Pedra Branca do Amapari Ltda. (Grupo Peak Gold), localiza-se na porcao central do estado do Amapa. Inseri-se na Provincia Maroni-Itacaiunas, que constitui um extenso cinturao metavulcanossedimentar do Paleoproterozoico exposto nas porcoes norte/nordeste do craton Amazonico. Litologias do Grupo Vila Nova, que hospeda o deposito do Amapari, compreendem ortoanfibolitos e paranfibolitos, biotita/muscovita-quartzo xistos, sillimanita quartzitos, formacoes ferriferas bandadas, rochas calcio-silicaticas e rochas carbonaticas. Corpos maficos-ultramaficos acamadados e o granito peraluminoso Amapari, tardi-transamazonico de 1,99 Ga, tambem estao presentes proximo ao deposito. O deposito distribui-se em um cinturao N-S de aproximadamente 7 km de extensao, compreendendo de norte para sul os corpos mineralizados Urucum, Tapereba A, B, C e D. As rochas encaixantes/hospedeiras da mineralizacao aurifera sao: formacoes ferriferas bandadas (FFb), rochas carbonaticas e calcio-silicaticas. De acordo com a associacao dos principais minerais, definidas por estudo petrografico, cada litotipo e separado em conjuntos distintos: 4 conjuntos de formacao ferrifera; 3 de rochas carbonaticas; 1 de rochas calciosilicaticas. A rocha carbonatica e, localmente a FFb, revelam minerais tipicos de metamorfismo de contato, como vesuvianita, clinohumita e as granadas andradita, uvarovita e espessartita. Ha intima associacao do ouro principalmente com a pirrotia e subordinadamente com a pirita. Os sulfetos calcopirita e arsenopirita sao subordinados e intercrescidos com pirrotita. A paragenese metamorfica regional com grunerita, hornblenda e iopsidio e condizente com a facies metamorfica anfibolito. A paragenese mineral identificada nas rochas carbonaticas do Amapari, com as associacoes calcita-diopsidio-(quartzo), calcita-diopsidio-granada e iopsidiovesuvianita- granada, indica predominio da facies metamorfica de contato hornblenda-hornfels. A formacao e transformacao dos minerais, atraves dos mais variados estilos de substituicao, indicam que: grunerita ¨ se forma a partir da magnetita ; diopsido ¨ se forma a partir da grunerita + magnetita; pirrotita ¨ cresce a custas de magnetita e forma-se apos o diopsidio. Os minerais hidrotermais associados a mineralizacao aurifera, como sulfetos e quartzo de veio e fume, formam-se, temporalmente, quase juntos com os minerais de metamorfismo de contato. As caracteristicas texturais sugerem a seguinte sequencia de eventos: Metamorfismo regional ¨ Metamorfismo de contato ¨ Mineralizacao aurifera, sendo que esta ultima ocorre imediatamente apos ou tardiamente ao metamorfismo de contato; esse dois eventos sao praticamente contemporaneos. Os padroes de elementos de terras raras-ETR, normalizados para condrito, PAAS e agua do mar, nao revelam diferencas significativas entre os ETR de FFb, rochas carbonaticas e uma amostra de rocha calcio-silicatica. Os mesmos nao discriminam entre amostras mineralizadas e estereis. As anomalias tipicamente negativas dos ETR de FFb mostram claramente nao existir registro do Arqueano. O comportamento muito semelhante dos ETR das FFb e das rochas carbonaticas sinaliza ausencia de evento metamorfico retrogrado da fase escarnitica e o modelo indicado e o de mineralizacao aurifera orogenica. Tres amostras de rochas carbonaticas com alto conteudo de Fe2O3 estao mineralizadas em ouro e apresentam mais alto conteudo em ETRP, quando normalizados para condrito. O estudo estatistico univariado de amostras de geoquimicas de solo, pelo metodo analitico multielementar, das malhas Silvestre-Vila do Meio e Bananeira, que recobrem uma area de 17 x 17 km, mostra que valores de Au da malha Silvestre-Vila do Meio e Bananeira (.20 ppb Au), obtidos pelo metodo da probabilidade acumulativa, se superpoem com os da malha Tapereba- Urucum, obtidos pelo metodo do percentil ((.130 ppb Au), indicando que, mesmo numa malha aberta, o deposito de ouro do Amapari poderia ser descoberto. A analise de componentes principais (PCA) da zona mineralizada N-S indica: PC 1 ¨ V, Cr, Ni e Fe ¨ presenca de pisolitos lateriticos no solo, e Zn e Fe ¨ FFb. PC 2 ¨ Hf, Zr e Th, ¨ enriquecimento em minerais resistatos ¨ representa lateritas. PC 3 ¨ Bi, Sn e Mo ¨ zona de metamorfismo de contato. PCA da zona mineralizada NW: PC 1 ¨ associacao Fe, S e As indica sulfetos e V, Fe, Al, Zr e Hf ¨ laterita (pisolitos no solo). PC 2 ¨ Mo, Sn, W, Ag ¨ zona de metamorfismo de contato. PC 3 ¨ Cs, Li, Tl, Y e Al ¨ granitoides / pegmatitos. PCA da zona do granito Amapari:PC 1 ¨ Cr, V, Ni, Fe ¨ laterita (pisolitos no solo), enquanto a associacao Fe, Cu, Zn, As¨ sulfeto. PC 2 ¨ associacao Li, Cs, La e Y ¨ pegmatito. PC 3 ¨ Nb, Mo e W¨ pegmatitos/greisen e Bi, Mo e W ¨ metamorfismo de contato sobre biotita xisto. PCA da zona das rochas metassedimentares: PC 1 ¨ associacao Ba, Mn, Pb e Zn ¨ rocha carbonatica, enquanto Ba, Th e Sr ¨ granitoide. O Co e Ni (+Zn) ¨ acompanham rocha mafica/ultramafica, portanto tem-se uma miscelanea de provaveis litologias, indicando contribuicao de varias fontes. PC 2 ¨ Se, Rb, W, Cs, Y, La, nao e possivel correlacionar com rochas metassedimentares. PCA da zona do ortoanfibolito: PC 1 ¨ associacao Co, Ni, Fe, V, Cr, Mn ¨ confirmam a rocha mafica subjacente. PC 2 ¨ associacao Zr, Al, Hf, Ga, Hg, V e Sn ¨ provavel contaminacao de biotita xistos adjacentes. Sn e estranho neste ambiente. PC 3 . Sb e Au ¨ sulfeto. Li e Al ¨ pegmatito, nao possuem qualquer relacao com ortoanfibolitos. PCA da zona dos granitoides indiferenciados: PC 1¨ associacao Sc, Fe e Be ¨ granitoides (menos acido) e Cu, Fe e Zn¨sulfetos. PC 2 ¨ La, Th e Ba ¨ granitoides. PC 3 ¨ Zr e Sr ¨ granitoide. A ausencia do ouro, nos PC principalmente das zonas mineralizadas N-S e NW, pode ser explicada pela grande quantidade de valores proximos ou abaixo do limite de deteccao, presentes na populacao amostrada e que nao participam com peso significativo quando a PCA e aplicada. Aplicacao de estatistica multivariada e a tecnica da PCA nos dados geoquimicos de solo das malhas Silvestre-Vila do Meio e Bananeira demonstram ser importante aplicativo no tratamento de grande quantidade de amostras e valiosa ferramenta para prospeccao mineral e auxilio no mapeamento geologico

ASSUNTO(S)

geologia - amapá - teses. geoquímica - amapá - teses. ouro - amapá - teses.

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